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  • Foto do escritorIsabella Rocha

O que é a doença de Parkinson?

Olá povão, hoje viemos trazer algumas informações sobre uma doença neurodegenerativa bastante conhecida e estudada a mais de 100 anos, que é a doença de Parkinson.


A doença de Parkinson (DP) foi descoberta em 1817 por James Parkinson, o qual descreveu os principais sintomas associados a ela e tem sido muito estudada desde então. Considerada como a segunda doença neurodegenerativa mais comum atrás da doença de Alzheimer (DA) Link da matéria. A DP é crônica, progressiva e sem cura, tendendo a piorar com o passar do tempo, afetando os movimentos das pessoas e em casos mais graves pode prejudicar a fala e a deglutição de alimentos.

A DP é caracterizada por uma degeneração dos gânglios basais chamada de substância negra no cérebro. Esse nome é devido a presença do pigmento melanina presente nessas células que promove um aspecto escuro. Os gânglios basais são um conjunto de células nervosas localizadas profundamente no cérebro e são responsáveis por iniciar a suavizar os movimentos musculares intencionais (voluntários), suprimir movimentos involuntários e coordenar mudanças de postura. No caso do cérebro originar um impulso para mover o músculo (por exemplo, para levantar uma perna), o impulso passa através dos gânglios basais. Assim, como em todas as células nervosas, as dos gânglios basais liberam neurotransmissores (mensageiros químicos) que irão estimular a célula nervosa para enviar um impulso nervoso.


A dopamina é o principal neurotransmissor nos gânglios basais. Além de influenciar na ação de emoção, aprendizado, humor e atenção, também atua controlando o sistema motor, e a sua deficiência pode afetar o movimento do corpo. Com a redução de dopamina, devido a degeneração dos neurônios, as conexões entre as células nervosas nos gânglios basais diminui, resultando em diversas manifestações clínicas em um indivíduo.


A doença de Parkinson pode apresentar 5 estágios:

  1. Os sintomas são leves. Os sintomas motores e ocorrem apenas em um lado do corpo;

  2. Os sintomas pioram. Os sintomas motores agora podem afetar ambos os lados do corpo;

  3. Este é o estágio intermediário. A perda de equilíbrio é mais comum e as quedas são frequentes;

  4. Os sintomas são graves. Um andador pode ser necessário;

  5. Os sintomas se tornam debilitantes. É necessário atendimento 24 horas por dia.


Sintomas

Dependendo da área afetada pela DP, surgem diversas respostas clínicas, desencadeando:

  • distúrbios motores, como a tríade clássica (tremor quando se está em repouso, rigidez dos músculos, bradicinesia - lentificação dos movimentos voluntários do corpo - e instabilidade corporal), que surge quando ocorre depleção (diminuição quantitativa) de dopamina na pars compacta, uma pequena região da substância negra do cérebro.


Para que as manifestações clínicas ocorram, a perda desses neurônios têm que ser superior a 60%. Além da dopamina, outros neurotransmissores como a serotonina também pode ser reduzida, o que promove o aparecimento de sintomas não motores, sendo esses:

  • disfunções autonômicas (hipotensão, constipação);

  • anosmia (perda do olfato);

  • parestesia (sensações cutâneas como o frio, calor, entre outras sensações vivenciadas espontaneamente na ausência de estimulação );

  • depressão, ansiedade, distúrbios do sono (acometimento de substância reticular) e, com a evolução da doença, o consequente acometimento do neocórtex leva a distúrbios cognitivos e demência;

  • psicose, apatia e fadiga;

  • queixas gastrointestinais como disfagia, enfartamento e obstipação;

  • alterações autonômicas como retenção ou urgência urinárias;

  • disfunção sexual;

  • sialorréia (liberação excessiva de saliva);

  • hipersudorese;

  • hipotensão ortostática;

  • manifestações sensitivas como hiposmia (perda de cheiro e olfato) e dor;

  • manifestações visuais como alterações da percepção do contraste, ilusões e alucinações visuais (que podem ser complexas e bem formadas, como pessoas);

  • distúrbios do sono com sonhos vívidos e atividade hipermotora noturna na perturbação do comportamento do sono REM (rapid eye movement), hipersonolência diurna e síndrome das pernas inquietas; entre outros também estão presentes.

Causas

A causa exata para o surgimento da doença de Parkinson não é claramente conhecida. No entanto, há alguns fatores contribuintes que podem incluir certas mutações genéticas, podendo ocorrer em casos raros em pessoas que têm vários membros da família que sofrem da doença de Parkinson. Os fatores ambientais, como exposição a produtos químicos tóxicos como "pesticidas" e traumatismo craniano, também podem aumentar a chance de uma pessoa desenvolver essa doença.


O que acontece no cérebro?

Na doença de Parkinson, uma proteína no cérebro que ajuda as células nervosas a se comunicarem, chamada de sinucleína, forma aglomerados chamados de corpos de Lewy. Esses corpos consistem em sinucleína defeituosa, mal dobrada, afetando a funcionalidade dela. Essa proteína pode se acumular em diversas regiões do cérebro, principalmente na substância negra (na profundidade do telencéfalo), podendo assim afetar a função cerebral. Os corpos de Lewy podem se acumular em outras partes do cérebro e do sistema nervoso. Na demência desencadeada pelo corpo de Lewy, estas estruturas se formam na camada mais externa do cérebro, conhecida como córtex cerebral (maior parte do cérebro em relação ao tamanho, responsável pelo pensamento, percepção, uso e compreensão da linguagem).

Imagem 2. Corpos de Lewy. Representação ilustrativa e com corte histológico evidenciado por meio do microscópio. Fonte1. Fonte 2.


Os corpos de Lewy também podem estar envolvidos numa outra doença neurodegenerativa, a doença de Alzheimer, possivelmente explicando do porquê que cerca de 1 ⁄ 3 de pessoas que possuem doença de Parkinson apresentam sintomas de doença de Alzheimer e também porque algumas pessoas com doença de Alzheimer manifestar sintomas parkinsonianos.


Epidemiologia

A epidemiologia da DP varia em relação a localização demográfica e a metodologia dos estudos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 1% da população acima de 65 anos seja afetada por essa doença. Em 2005, a estimativa era de que mais de 4 milhões de indivíduos com idade superior a 50 anos possuíam a doença, enquanto que em 2015, já mostrou afetar 6,2 milhões de pessoas, tendo sido a causa de 117.000 mortes em todo o mundo. Atualmente, 10 milhões de pessoas vivem com essa condição patológica em todo o mundo.


Nos EUA, surgem em torno de 60 mil casos por ano, na Europa há em torno de 257 a 1.400 casos por 100.000 habitantes e no Brasil, apesar dos estudos epidemiológicos serem escassos, estima-se que haja aproximadamente 200 mil habitantes portadores desta doença. Desse modo, ao que tudo indica, em 2030 espera-se que os casos aumentem quase duplicando os valores representados em 2015.


A doença de Parkinson é uma doença comum presente em ambos os sexos, no entanto estudos mostraram maior prevalência nos homens. A idade também se mostrou um fator de risco, sendo pessoas na faixa etária de 50-79 anos mais afetadas e isso tende prevalecer com o avanço da idade. Os indivíduos que manifestam essa doença de forma precoce são nomeados de "Parkinson precoce" ou "juvenil”, sendo que cerca de 4-10% exibem a doença antes dos 50 anos. A esperança de vida é de 7 a 14 anos. Além disso, considera-se que essa doença pode ser adquirida por causas ambientais e genéticas, estimando-se que cerca de 5% – 10% dos casos tenham causa genética monogênica (refere-se a mudanças ou mutações que ocorrem na sucessão de DNA de um único gene).


Diagnóstico

  • Avaliação do médico;

  • Por vezes, tomografia computadorizada ou imagem por ressonância magnética;

  • Algumas vezes, uso de levodopa para verificar se ajuda; A levodopa é um precursor da dopamina, ao chegar no cérebro se “transforma” em dopamina.

  • Alguns exames, como o físico, entre outros.


Observação: no caso dos idosos o diagnóstico é particularmente mais difícil, pois com o envelhecimento diversos problemas de saúde podem surgir e os sintomas serem semelhantes aos da doença de Parkinson, como o caso da perda de equilíbrio, movimentos lentos, rigidez muscular e postura curvada. Por vezes, é possível que o tremor essencial seja diagnosticado erradamente como doença de Parkinson.


Para substituir as causas dos sintomas, o médico deve verificar no histórico do paciente doenças anteriores, exposição à toxinas e uso de medicamentos que poderiam causar o parkinsonismo.


Tratamento

Os tratamentos são realizados após identificar o diagnóstico do paciente. São utilizados os medicamentos: Levodopa/Carbidopa, agonista da dopamina, inibidores MAO-B e safinamida, inibidor COMT, entre outros componentes.


Curiosidade

  1. O Parkinsonismo não é o mesmo que a doença de Parkinson. O parkinsonismo é um grupo de distúrbios semelhantes ao Parkinson que pode apresentar alguns dos mesmos sintomas.

  2. Apesar dessa doença ser muito mais comum em pessoas acima de 60 anos, o número de pessoas mais jovens que têm sido diagnosticadas com a doença está aumentando.



Referências



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