E ai povão, hoje viemos aqui esclarecer algumas coisas para vocês sobre os medicamentos mais polêmicos hidroxicloroquina e Cloroquina. Sabemos bem que há uma guerra nas redes sociais sobre isso. Respeitamos a opnião de cada um, porém como entendedores da ciência, confiamos nos nossos cientistas, que testam e provam se o medicamento é benéfico ou não! Assim, compactuamos com a ciência. Então, fiquem ligados que o babado é forte.
Então vamos lá, primeira pergunta, o que é e para que serve um medicamento?
Gente, um medicamento é um produto produzido na indústria farmacêutica que é tecnicamente obtido ou elaborado com objetivo de diminuir, aliviar, curar ou previnir um determinado sintoma ou uma doença. Como já falamos numa outra matéria "O mito da bala mágica contra o corona" desenvolver um medicamento demora anos e é necessário um investimento na casa dos bilhões."
Atenção: Não recomendamos automedicação, porque a dose do medicamento e tipo de medicamento é diferente para cada pessoa. Só o médico pode receitar algo que é cabível para você!
Por que combater o COVID-19 é tão dificil? Qual seria a melhor maneira de combater o vírus SARS-COV-2?
O COVID-19 é muito difícil de combater por vários motivos: 1) É um vírus recente, antes não existe; 2) Ainda há informações limitadas sobre este vírus; 3) para combater algo, tem que conhecer e entender como ele funciona. Por isso, não é fácil minha gente!
No artigo publicado por nós “O mito da bala mágica contra o corona”, explicamos que não existe um medicamento milagroso para combater um vírus novo. Mas que poderiamos recorrer sim a algum medicamento já existentes para estudar e assim pouparíamos anos e anos para encontrar um medicamento eficaz. No entanto, é necessário muitos testes para que comprove que o medicamento realmente tem um efeito positivo para doença.
Também num outro artigo publicado aqui no site “A vacina de RNA mensageiro. Manda o papo”, mencionamento o meio mais eficaz para combater o vírus SARS-COV-19 seria a vacina mRNA-1273, da empresa moderna, que dentre todas é a que está mais na frente nos testes em humanos. Lembrando que a produção de uma vacina demora no mínimo um ano. Se a vacina sair ainda este ano, será o recorde na produção de uma vacina.
Sendo assim, a única maneira de tentarmos segurar essa barra é nos protegendo da maneira que dá para evitar com que o sistema de saúde fique sobrecarregado. Como vocês estão cansados de saber, devemos lavar as mãos, usar máscaras e manter o isolamento social. Melhor maneira para diminuir o contágio neste momento.
Os medicamentos Hidroxicloroquina e Cloroquina são usados em que doença? E qual é o verdadeiro efeito deste medicamento de acordo com os estudos científicos para a COVID-19?
Agora que vocês entenderam sobre os medicamentos, vamos falar desses polêmicos. UFA! Como mencionado acima, a maneira mais eficaz para combater a COVID-19 seria uma vacina, no entanto, se encontrassemos um medicamento que funcionasse para ajudar no tratamento da COVID-19 seria um sucesso. Mas nada nesta vida é facil!
Muita gente tem defendido o uso de Hidroxicloraquina e Cloraquina com unhas e dentes, mas não fazem ideia do porque esse medicamento é bom ou ruim, só sabem do que falam por ai. Então primeiro temos entender para que esses fármacos servem:
Hidroxicloroquina - este medicamento é indicado para tratamento de afecções reumáticas e dermatolóficas; artrite reumatoide; artrite reumatoide juvenil; lúpus eritematoso sistêmico; lúpus eritematoso discoide; condição dermatológicas provocadas ou agravadas pela luz solar. Também é usado contra malária.
Cloroquina - este medicamente é indicado para tratamento contra malária; amebíase extraintestinal; artrite reumatoide e lúpus eritematoso.
Esses dois medicamentos foram considerados potenciais para o combate a SARS-COV-1 em 2003. No entanto, como a epidemia do SARS-COV-1 não durou muito tempo, os estudos destes medicamentos não se mantiveram. Além disso, não existiu provas da eficácia (efeito positivo) contra a SARS. Com a pandemia 2020, retornou-se a ideia de estudar esse medicamento e ver se apresenta efeitos contra o SARS-COV-2.
Diante a diversos estudos contraditórios e a guerra na internet sobre o uso desses medicamentos para a “cura” do COVID-19, foi necessário investigar por meio dos últimos relatos de artigos científicos, mas destacando um mais recente, com 96 mil participantes. Este é considerado maior ensaio clínico (estudo clínico em humanos, pacientes com COVID-19) até agora. Então no dia 22 de maio de 2020 saiu um estudo sobre Hidroxicloroquina e Cloroquina numa das revistas científicas médicas mais badaladas (The lancet). O que este artigo fala? Vamos traduzir numa linguagem mais acessível para vocês.
1) Informações recolhidas de 671 hospitais de 6 continentes.
2) Período de coleta de resultados: 20 de dezembro de 2019 e 14 de abril de 2020.
3) Grupo de estudo: pacientes confirmados com SARS-COV-2.
4) Quantidade de pacientes investigados: 96.032 pacientes.
5) Tratamento: após 48 hr de confirmação do COVID-19.
Tratamentos:
Observação importante: Os macrolídeos (azitromicina ou claritromicina), são medicamentos que tem efeito antibiótico, mas também é um antiviral. Quando combinados impulsionam com o efeito do remédio.
Observação 2: os pacientes não sobreviventes são idosos, mais propensos a obesidade, homens, negros ou hispânicos, diabetes, hiperlipidemia (alta concentração de gordura no sangue), doença arterial coronária, insuficiência cardíaca e histórico de arritmias.
Observação 3: A mortalidade foi maior nos grupos de tratamento em comparação com a população controle (sem tratamento ou uso de medicamentos).
De acordo com este estudo e os resultados apresentados pelos investigadores:
1) Não foi observado nenhum benefício da hidroxicloroquina ou cloroquina (quando usado isoladamente ou em combinação com um macrolídeo (medicamentos apresentam efeito antibiótico, mas também tem efeito antiviral) nos resultados hospitalares, quando iniciado precocemente (inicialmente) após o diagnóstico de COVID-19. Esses medicamentos administrados sozinhos ou em combinação com macrolideo, foi associado a um risco aumentado de ocorrência clinicamente significativa de arritmias ventriculares (batimentos irregulares no coração) e o aumento do risco de morte hospitalar com COVID-19.
2) O uso de hidroxicloroquina ou cloroquina no COVID-19 baseia-se na publicidade de pequenos estudos que não apresentaram controles básicos para um estudo a sério, que sugeriram que a combinação de hidroxicloroquina com o macrolídeo azitromicina, bem-sucedida na eliminação da replicação viral.
3) Uma revisão observacional retrospectiva de 368 homens com COVID-19 tratados nos hospitais de Assuntos de Veteranos dos EUA levantou preocupações de que o uso de hidroxicloroquina estivesse associado a um maior risco de morte; no entanto, as características da linha de base entre os grupos analisados foram diferentes e a possibilidade não pode ser descartada.
4) Outro estudo observacional em 181 pacientes da França relatou que o uso de hidroxicloroquina na dose de 600 mg por dia não foi associado a um benefício clínico mensurável em pacientes com pneumonia por COVID-19. Além disso, a própria França cancelou o tratamento com esse medicamento aos pacientes com a COVID-19!
5) Nesta análise internacional em larga escala do mundo real apóia a ausência de um benefício clínico de cloroquina e hidroxicloroquina e aponta para possíveis danos em pacientes hospitalizados com COVID-19.
Por fim, Em resumo, este estudo multinacional, observacional e do mundo real de pacientes com COVID-19 que necessitaram de hospitalização, constatou que o tratamento contendo hidroxicloroquina ou cloroquina (com ou sem a combinação com macrolídeo – outros medicamentos) não apresentaram evidências (provas) do seu benefício, mas estava associado com um aumento no risco de arritmias ventriculares (afetando o batimento do coração) e um maior risco de morte hospitalar com COVID-19. Esses achados sugerem que esses esquemas medicamentosos não devem ser utilizados fora dos ensaios clínicos (estudos com pacientes com COVID-19).
Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) que é uma agência especializada em saúde, ou seja, uma agência com pessoas especializadas na área da saúde e que entendem de ciência. Nesta semana suspendeu os ensaios clínicos devido aos artigos provando que esses medicamentos não são positivos para esta doença COVID-19.
Não adianta ficarmos desesperado a procura de um milagre. O nosso milagre tem que ser confiável, eficaz e benéfico. Temos que entender que a CURA ou PREVENÇÃO exige tempo, estudo e muito conhecimento para chegar até nós.
Queremos que entendam que a pesquisa é feita de erros e acertos assim como tudo na nossa vida. Os cientísta trabalham muito e eles tem conhecimento para desenvolver a vacina ou achar um medicamento curável, mas não é assim tão rápido. Primeiro é feita uma análise do que se tem descrito sobre o vírus e depois tentam colocar aquela informação em diversos experimentos. O primeiro teste de um medicamento numa dada doença inicia avaliando em células (chamamos isso de ensaio in vitro), segundo testamos em alguns animais (chamamos isso de ensaio in vivo) e se tudo der positivo, recorre-se para o ensaio em humanos que exige várias fases (I , II e III). É necessário um número elevado de pacientes participantes para que comprove se o tratamento realmente funciona e deve-se considerar comparar os sintomas e resultados com os grupos controle (sem tratamento)..
Se dentro de todas as evidências o mundo inteiro diz que HIDROXICLOROQUINA E CLOROQUINA NÃO SÃO BONS PARA TRATAMENTO DO COVID-19. Porque continuam a insistir nesta propaganda infudada? Fica ai uma reflexão para vocês! Só Brasil e os EUA defendem isso. Vai entender?!
É isso povão, contra factos não há argumentos! Usem máscara, lavem bem as mãos e façam o isolamento social. É o melhor a se fazer para tentar salvar o nosso país que se tornou esta semana o epicentro (país com mais infectados) da COVID-19. Que os cientísta nos salvem!
Fontes:
- Mehra MR, Desai SS, Ruschitzka F, Patel AN. Articles Hydroxychloroquine or chloroquine with or without a macrolide for treatment of COVID-19 : a multinational registry analysis. Lancet. 2020;6736(20):1-10. doi:10.1016/S0140-6736(20)31180-6.
Autora
Isabella R.
Biólogica e mestranda em Bioquímica Clínica
Fundadora do Ciência Povão
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Povão tomara que tenha aprendido alguma coisa, conhecimento nunca é demais.
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