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Superbactérias: o próximo surto invisível

Bom dia povão! Então vamos falar de um assunto acerca do qual vimos sendo alertados nos últimos anos, que é sobre os problemas das bactérias resistentes aos antibióticos ou melhor dizendo: as superbactéricas. Então fiquem com a gente que falaremos sobre isso.


O que são bactérias?

Bactérias são microrganismos unicelulares (uma célula), com tamanho 0.001 mm, que estão amplamente distribuídas por todo o mundo e ambientes. Elas são responsáveis pela maior parte das doenças dos humanos, incluindo intoxicação alimentar. Nem todas as bactérias são patológicas (afetam negativamente o organismo), algumas são mutualistas (humano e bactéria se beneficiam), comensais (uma das partes é beneficiada e outra não é afetada negativamente) ou oportunistas (se aproveitam das circunstâncias para entrar no organismo do humano). As bactérias de acordo com a sua espécie podem crescer em ambiente com oxigênio, pouco oxigênio ou sem oxigênio. Além disso, têm capacidade de se multiplicar rapidamente em poucos minutos, cerca de 10-20 minutos, em diferentes temperaturas (cada espécie tem uma temperatura ótima).

Imagem 1. Estrutura procarionte e unicelular da bactéria

Agora que sabemos o que são bactérias, pergunto a vocês o que são antibióticos?

Os antibióticos, como o próprio nome já diz, atuam contra os organismos vivos, sendo estes as bactérias. Os antibióticos são compostos químidos produzidos por bactérias, plantas, fungos ou em laboratório, que em pequenas quantidades tem a capacidade de ajudar a controlar a infecção bacteriana. Esse tipo de medicamento atua matando as bactérias (bactericídas) ou inibindo o crescimento destas (bacteriostáticos).

Quando devem ser utilizados?

Recorre-se ao uso de antibióticos em casos de infecções bacterianas comprovadas, antes de uma submissão cirúrgica ou sob indicação médica.

Os antibióticos não matam vírus!!!!

O que torna as bactérias resistentes?

À medida que as pessoas tomam antibióticos ao longo de sua vida, algumas bactérias expostas ao medicamento que antes morriam vão se tornando resistentes. Mas o que quer dizer a resistência? Quer dizer que o antibiótico não tem mais efeito naquela bactéria, porque a população que sobreviveu se adaptou por meio de uma mutação (alteração genética). Isto é uma maneira da bactéria se adaptar e se defender. A natureza é assim, sobrevive quem é melhor adaptado e não necessariamente o mais forte.

Como mencionado anteriormente, as bactérias têm capacidade de se multiplicar rapidamente em cerca de 10-20 minutos. Então em menos de 2 horas temos 1000 bactérias replicadas. Agora imagine isso em uma população de bactérias resistentes aos antibióticos. Preocupante!


Quais são as consequências das resistências bacterianas ao longo dos anos?

Esta é uma grande questão, porque as consequências são variadas. Com a resistência das bactérias aos antibióticos, os custos para tratamentos são superiores e o tempo de internamento é mais longo.


A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o perigo e incentiva a investigação e o desenvolvimento de novos antibióticos. Entretanto, os investimentos para desenvolver medicamentos são bilionários e exigem muito tempo.

Agora imagine todo o processo de pesquisa necessário para desenvolver um novo antibiótico até alcançar a população. Depois de um tempo, a história se repete, as bactérias encontram formas de resistir ao tratamento e o medicamento que antes combatia com eficácia a infecção não tem mais efeito. E inicia-se novamente o ciclo de investigação e produção, sendo difícil acompanhar a rápida adaptação das bactérias. Com isso, a indústria farmacêutica acaba perdendo todo o investimento, ficando cada vez mais complicado criar novos antibióticos, o que consequentemente resulta num problema de saúde pública.

Stuart B. Levy e Bnnie Marshal (2004), mencionaram “Atualmente, bactérias com relevância clínica são caracterizadas, não só pela resistência a um antibiótico mas pela resistência de múltiplos, legado do uso e abuso de antibióticos nas décadas passadas”, ou seja, esses autores já em 2004 estavam alertando sobre o problema em relação às superbactérias, devido ao uso descontrolado dos antibióticos. Tá mas aonde se deu esse abuso? Muitas situações, como: receita médica para qualquer problema; uso de medicamento alheio; não terminar o tratamento com o antibiótico; não tomar o medicamento corretamente (doses-hora) entre outros.



Será que estamos preparados para uma pandemia dessas? Como os sistemas de saúde irão dar conta deste problema num futuro bem próximo? E os cientistas como irão controlar esse tipo de pandemia?

Ah mas falam das bactérias resistentes pra lá e pra cá, afinal quais são as principais?

As que mais preocupam são as:

Enterococcus faecium

Staphylococcus aureus

Klebsiella pneumoniae

Acinetobacter baumannii

Pseudomonas aeruginosa

Enterobacter (espécies)

Todas essas são resistentes a múltimos antibióticos. E causam:

Enterococcus faecium: infecções do trato urinário, infecção das válvulas do coração (endocardite), infecção da pele e dos tecidos logo abaixo da pele (celulite), infecção da próstata (prostatite), infecções em feridas e abscessos no abdômen.

Staphylococcus aureus: Infecções da corrente sanguínea (quando um cateter inserido em uma veia tiver permanecido no local por um longo período), endocardite, osteomielite e infecção pulmonar (pneumonia). Além disso, algumas promovem a intoxicação alimentar por estafilococos, síndrome de choque tóxico ou síndrome de pele escaldada.


Klebsiella pneumoniae: Essas bactérias podem infectar o trato urinário ou respiratório, cateteres intravenosos usados para dispensar medicamentos ou líquidos, queimaduras, feridas contraídas durante cirurgia, ou a corrente sanguínea.

Acinetobacter baumannii: Quebras de integridade da pele e com comprometimento das vias aéreas. A pneumonia ainda é a infecção mais comum causada por esta bactéria, no entanto, recentemente, infecções envolvendo o sistema nervoso central, pele, tecidos moles e ossos também têm sido evidenciadas.


Pseudomonas aeruginosa: Essas bactérias podem infectar partes distintas do corpo, principalmente em pessoas que têm problemas clínicos graves ou que estão hospitalizadas. As infecções variam de externas leves (afetando o ouvido ou folículos capilares) a infecções internas sérias (que afetam os pulmões, a corrente sanguínea ou as válvulas do coração).


Enterobacter (espécies): As manifestações clínicas dependem da síndrome clínica, de ITU, peritonite, pneumonia e infecções da corrente sanguínea. As manifestações das diferentes síndromes clínicas não diferem fundamentalmente das ocasionadas por outros agentes etiológicos, mas o prognóstico pode ser diferente, em especial para cepas resistentes como as cepas ESBLs.

Então é isso povão, não sabemos como será o nosso futuro, mas sabemos que a resistência das bactérias é um alerta já há muitos anos e provavelmente será a nossa próxima pandemia. Não sabemos ao certo quando, uns indicam 2050 mas poderá ser bem antes.

Autora

Isabella Rocha

Graduada em Ciências Biológicas

Mestranda em Bioquímica Clínica

Fundadora do Ciência Povão


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