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Setembro Amarelo - Prevenção ao Suicídio

Olá, povão! Todos (as) bem? Hoje vamos falar de um assunto sério, mas igualmente muito importante: o setembro amarelo. Quer saber o que significa isso? Então vem comigo!


Campanha Setembro Amarelo


O setembro amarelo é uma campanha anual, criada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), no ano de 2014, e tem como objetivo prevenir e reduzir os casos de suicídio. No dia de 10 de setembro comemora-se o Dia Mundial de Prevenção ao Suícidio, mas a campanha acontece durante o ano todo.


Suícidio


De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suícidio é responsável por cerca de 800.000 mortes por ano, uma estimativa de 11,4 mortes a cada cem mil habitantes. Isso significa que ocorre uma morte por suicídio a cada 40 segundos no mundo. Por trás de cada suicídio consumado, há ainda mais pessoas que tentam o suicídio a cada ano. Alguns autores indicam que as taxas de morte provocadas por suicídio correspondem à terceira causa de morte mais recorrente no mundo, variando conforme sexo, idade e etnia ou cor.


Ainda segundo a OMS, o suicídio é um fenômeno que ocorre em todas as regiões do mundo. Em 2016, 79% dos suicídios foram registrados em países de baixa e média renda. O primeiro relatório sobre suicídio elaborado pela Organização Mundial de Saúde, intitulado Preventing suicide: a global imperative, publicado em 2014, revelou que a nível mundial, o suicídio representou 50% de todas as mortes violentas registradas entre homens e 71% entre mulheres. Com relação à idade, as taxas de suícidio são mais elevadas entre pessoas com 70 anos ou mais tanto entre homens quanto entre mulheres. Quanto à população juvenil, as mortes por suícidio são a segunda causa de morte entre os jovens com idade faixa etária entre 15 a 29 anos no mundo. Ingestão de pesticidas, enforcamento e armas de fogo são os métodos mais utilizados em suicídios a nível global.


Embora o Brasil esteja em 106º lugar no ranking de suicídios a nível mundial, registrando taxa de 6,5 suicídios por 100 mil habitantes, esse número tem aumentado nos últimos anos. De acordo com o Datasus, o número de mortes por suicídios foi de 11.433 mortes em 2016, enquanto houve 6.780 no ano 2000. Um outro dado que demonstra esse aumento é do Mapa da Violência de 2017, que registrou um acréscimo de 10% no número de mortes por suícidio entre a população de 15 a 29 anos em 12 anos, variando de 5,1 mortes por 100 mil habitantes, em 2002, para 5,6 por 100 mil habitantes, em 2014.


Diante desse cenário, a OMS classifica o suicídio como um grave problema de saúde pública, mas que pode ser evitado por meio de intervenções de baixo custo. Como o suicídio é uma questão complexa, é importante que diferentes setores sociais (saúde, educação, trabalho, agricultura, negócios, justiça, lei, defesa, política e mídia) se envolvam de maneira integrada em ações preventivas que podem levar a uma tentativa de suicídio.


Quem corre risco?


A literatura científica aponta que conhecer os fatores de risco que levam ao suícidio é importante para a elaboração de estratégias eficazes que visam à sua prevenção. A cartilha Suicídio: informando para prevenir, elaborada pela Associação Brasileira de Psiquiatria, identificam os transtornos psiquiátricos (depressão, transtorno bipolar, abuso de álcool e drogas, esquizofrenia), as doenças clínicas não psiquiátricas (câncer, AIDS, doença de Parkinson, epilepsia, doenças cardiovasculares), o sentimento de desesperança, o desamparo e a impulsividade, a idade, o gênero, as experiências adversas na infância e os fatores sociais como pré-condições que podem levar ao suicídio. O Ministério da Saúde aponta que ter histórico de tentativa de suicídio é outro fator de risco ao ato suicida.


A OMS ainda destaca outros fatores, incluindo nessa lista as mortes por suicídio ocasionados por atos impulsos em momentos de crise, decorrentes da incapacidade de lidar com os estresses da vida, tais como problemas financeiros, términos de relacionamento, dores crônicas e doenças. Além disso, a organização mundial da saúde ainda chama atenção para o número elevado de suicídios em grupos vulneráveis que sofrem discriminação, como refugiados e migrantes, indígenas, lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e interesexuais e pessoas privadas de liberdade.


Prevenção


O suícidio é um fenômeno que pode ser evitado! Abaixo, seguem algumas ações que podem ser postas em prática tanto a nível individual quanto a nível coletivo para prevenir o suícidio e suas tentativas:

  • Redução de acesso aos meios utilizados (por exemplo, pesticidas, armas de fogo e certas medicações);

  • Cobertura responsável pelos meios de comunicação;

  • Introdução de políticas para reduzir o uso nocivo do álcool;

  • Identificação precoce, tratamento e cuidados de pessoas com transtornos mentais ou por uso de substâncias, dores crônicas e estresse emocional agudo;

  • Formação de trabalhadores não especializados em avaliação e gerenciamento de comportamentos suicidas;

  • Acompanhamento de pessoas que tentaram suicídio e prestação de apoio comunitário.

Além das ações acima, o Centro de Valorização da Vida, o CVV, presta serviço de apoio emocional e de prevenção ao suícidio através do número 188.


Mitos sobre o comportamento suicida


Na cartilha Suicídio: informando para prevenir, mencionada anteriormente, existe uma sessão dedicada a desmentir algumas “verdades” equivocadas que apenas contribuem para reforçar o preconceito e a estigmatização dirigidos às pessoas que têm ideação ou tentativa suicida. Para que possamos prestar o devido acolhimento a essas pessoas, é preciso desconstruir esses mitos como verdades! Confira a leitura abaixo:


Mito 1. Quando uma pessoa pensa em se suicidar terá risco de suicídio para o resto da vida.

FALSO. O risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, após isso, a pessoa não estará mais em risco.


Mito 2. As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas chamar a atenção.

FALSO. A maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte. Boa parte dos suicidas expressou, em dias ou semanas anteriores, frequentemente aos profissionais de saúde, seu desejo de se matar. Portanto, é falso dizer que uma pessoa que pensa em se matar não procura ajuda.


Mito 3. Se uma pessoa que se sentia deprimida e pensava em se suicidar, em um momento seguinte passa a se sentir melhor, normalmente significa que o problema já passou.

FALSO. Se alguém que pensava em suicidar-se e, de repente, parece tranquilo, aliviado, não significa que o problema já passou. Uma pessoa que decidiu se suicidar pode sentir-se “melhor” ou sentir-se aliviado simplesmente por ter tomado a decisão de se matar.


Mito 4. Quando um indivíduo mostra sinais de melhora ou sobrevive à uma tentativa de suicídio, está fora de perigo.

FALSO. Um dos períodos mais perigosos é quando se está melhorando da crise que motivou a tentativa, ou quando a pessoa ainda está no hospital, na sequência de uma tentativa. A semana que se segue à alta do hospital é um período durante o qual a pessoa está particularmente fragilizada. Como um dos fatores de risco é o comportamento passado, a pessoa suicida muitas vezes continua em alto risco.


Mito 5. Não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode aumentar o risco.

FALSO. Falar sobre suicídio não aumenta o risco. Muito pelo contrário, falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.


Mito 6. É proibido que a mídia aborde o tema suicídio.

FALSO. A mídia tem obrigação social de tratar desse importante assunto de saúde pública e abordar esse tema de forma adequada. Isso não aumenta o risco de uma pessoa se matar; ao contrário, é fundamental dar informações à população sobre o problema, onde buscar ajuda e etc.

O Hospital Santa Mônica também elaborou uma lista de mitos que envolvem o suícidio. Confira alguns deles a seguir:


Mito 7. O suicídio é sempre impulsivo e acontece sem aviso.

FALSO. Um suicídio pode ser planejado durante algum tempo. Muitos suicidas comunicam algum tipo de mensagem verbal ou comportamental sobre as suas intenções.


Mito 8. Os indivíduos que tentam ou cometem suicídio têm sempre alguma perturbação mental.

FALSO. Os comportamentos suicidas têm sido associados à depressão, abuso de substâncias, esquizofrenia e outras perturbações mentais e aos comportamentos destrutivos e agressivos. No entanto, é importante ressaltar que existem casos em que nenhuma perturbação mental foi detectada.O suicídio acontece a todos os tipos de pessoas e encontra-se em todos os tipos de sistemas sociais e de famílias.


Mito 9. Crianças não cometem suicídio, já que não entendem a morte e são cognitivamente incapazes de se empenhar num ato suicida.

FALSO. Embora não seja tão comum, crianças também cometem suicídio. Qualquer gesto, em qualquer idade, deve ser levado muito seriamente.


A quem devo procurar ajuda?


Povão, buscar um profissional de saúde é sempre o mais correto a se fazer em situações de ideação ou tentativa de suícidio. Dessa maneira, busque o seu médico assistente e comunique como tem se sentido, assim ele poderá te encaminhar para o profissional mais adequado. Psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, assistente sociais, entre outros, são exemplos de profissionais competentes para lidar com uma pessoa que pensa em se tirar a vida.


Embora disponibilizar a sua escuta seja importante, muito provavelmente você não terá a mesma disposição emocional e o conhecimento técnico necessário para trabalhar as questões que envolvem o suícidio. Portanto, nada de disponibilizar o direct do Instagram, Whatsapp ou Facebook para fazer algo similar a um atendimento. Em vez disso, acione a rede de saúde dessa pessoa!


Lembre-se que o SUS contém uma rede psicossocial capacitada para receber as demandas de saúde mental, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e os ambulatórios de saúde mental. Caso você tenha dificuldade em acessar essa rede, busque informação com o seu médico na Clínica da Família/ Unidade Básica de Saúde (UBS)/Centro Municipal de Saúde a qual você pertence. As faculdades de Psicologia também contam com um Serviço de Psicologia Aplicada, os SPA, que realizam atendimentos psicológicos a valores acessíveis.


Além disso, você também pode ligar para o CVV pelo número 188. Como dito anteriormente no tópico prevenção, o CVV presta um serviço de apoio emocional e de prevenção ao suícidio por meio de atendimentos gratuitos e voluntários a todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail e/ou chat (acesse o endereço www.cvv.org.br/), a qualquer momento, todos os dias da semana.


Por hoje é só, povão! Até a próxima!


Autora

Membro do Ciência Povão

Jessica Melo

Psicóloga e Psicoterapeuta





Referências:


LIMA, J. M. Suicídio: uma revisão sistemática da literatura. In: FEIJOO, A. M. (Org.). Suicídio: entre o morrer e o viver. Rio de Janeiro: IFEN, 2018. p. 39-66.

Relatório Preventing suicide: a global imperative (OMS) :

Folha Informativa - Suicídio (OMS):

Cartilha Suicídio: informando para prevenir (ABP):



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