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Ser HIV positivo não significa ter AIDS.

Oláaa, povão! Tudo bem?

Hoje vamos falar sobre o vírus HIV e a AIDS!

E, como sempre, vamos começar do começo!

Ser HIV positiva não é o mesmo que ter AIDS! Você sabia disso?

Sempre associou o vírus à doença? Então já vamos esclarecer isso aí!


O vírus HIV x a doença AIDS


HIV significa vírus da imunodeficiência humana (HIV é a sigla em inglês). Esse vírus pertence à família Retroviridae, de retrovírus. Os retrovírus são vírus que possuem seu material genético na forma de RNA e possuem uma enzima (transcriptase reversa) capaz de transformá-lo em DNA.


Num geral, para sobreviverem e se multiplicarem, os vírus precisam infectar células e manipulá-las a produzir novas cópias dele. As células deixam de viver suas vidas e passam a obedecer às ordens do vírus! Diferentes vírus podem ter diferentes alvos.


No caso do HIV, ele afeta células do sistema imunológico conhecidas como células T CD4+. Nosso sistema imunológico possui vários tipos de células que estão envolvidas com o combate de bactérias, vírus, fungos... ou seja, ele é fundamental para proteger o organismo contra várias doenças! E as células T CD4+ fazem parte desse arsenal de células!


Quando o HIV leva a uma perda significativa da capacidade do indivíduo de lidar com infecções e doenças, a consequência é a síndrome da imunodeficiência adquirida, a AIDS.


Então, reparem: Uma pessoa que é HIV positiva e devidamente tratada pode demorar anos para desenvolver a AIDS ou até, nunca desenvolvê-la. O tratamento para o HIV pode desacelerar ou prevenir a progressão dos estágios da doença. Sendo assim, uma pessoa pode viver sendo HIV positiva e não ter AIDS.


Como ocorre a transmissão do vírus?


· O HIV pode ser transmitido das seguintes formas:

- Sexo (vaginal, anal e oral) sem camisinha;

- Compartilhamento de instrumentos que furam ou cortam não esterilizados;

- Transfusão de sangue contaminado;

- Da mãe para o filho durante a gravidez, parto ou na amamentação.


· ATENÇÃO! O VÍRUS NÃO É TRANSMITIDO, por exemplo:

- Pelo sexo, desde que use corretamente a camisinha;

- Pelo suor, lágrima ou saliva;

- Pelo contato, como abraço e aperto de mão;

- Por contato com objetos como: toalha, lençol, talheres, copos, sabonete, assento do ônibus...

- Por picada de inseto;

- Pelo ar.


Como é feito o diagnóstico?


No Brasil, se uma pessoa passou por uma situação de risco e quer saber se está ou não infectada, é possível realizar o teste de forma anônima e gratuita em Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) pelo SUS. Encontre o mais perto de você através do link: http://www.aids.gov.br/pt-br/acesso_a_informacao/servicos-de-saude.


Nesse tipo de teste, o que é detectado não é o vírus, mas sim o anticorpo que reconhece o vírus. Por esse motivo, existe um período chamado de janela imunológica que é o intervalo de tempo entre a infecção e a detecção do anticorpo anti-HIV. Dá pra pensar assim: O sistema imunológico é um “exército” composto por vários tipos de “soldados”. Até os soldados serem recrutados e se preparem pra guerra, demora um tempo. Esse tempo é a janela imunológica!


No caso do HIV, esse tempo dura cerca de 30 dias. Portanto, o teste só é capaz de detectar a infecção 30 dias a contar da data da situação de risco.


Quanto mais rápido é feito o diagnóstico, melhor a qualidade e expectativa de vida de uma pessoa que vive com o HIV!



Já ouviu falar sobre a PEP e a PrEP?




PEP significa Profilaxia Pós-Exposição ao HIV. Trata-se de uma medida de urgência para prevenção do HIV, hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). A PEP deve ser utilizada após uma situação que tenha trazido risco de contágio como violência sexual, sexo sem camisinha ou com rompimento da mesma e acidentes (com instrumentos que furam ou cortam, por exemplo). É um medicamento que deve ser tomado o mais rápido possível (entre 2-72h após a exposição) e dura 28 dias com acompanhamento de uma equipe de saúde.


A PEP é disponibilizada pelo SUS e pode ser retirada em alguns lugares. Para acessar a lista, clique nesse link: http://www.aids.gov.br/pt-br/onde-encontrar-pep.


PrEP é a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV. É um método de prevenção do HIV e consiste na ingestão de um medicamento diário que vai prevenir a infecção do vírus. Esse remédio vai impedir que o vírus se estabeleça e se espalhe pelo organismo. Ele também é distribuído pelo SUS e, para saber mais informações sobre quem é indicado a tomá-lo e onde encontrar, acesse esse link: http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/prevencao-combinada/profilaxia-pre-exposicao-prep.


Possui tratamento, mas não tem cura...


O tratamento disponível para indivíduos que vivem com o HIV ou que têm AIDS são medicamentos antiretrovirais (ARV). O uso desses medicamentos é essencial para evitar o enfraquecimento do sistema imunológico e para reduzir a multiplicação do vírus no organismo. Além disso, esses medicamentos permitem que pessoas vivam com o HIV em uma carga indetectável, tornando baixo o risco de transmissão do vírus. Mas é importante ressaltar: Não é porque existe tratamento que a prevenção deva ser negligenciada! O uso de preservativo é indispensável! Além de impedir a transmissão do HIV, também impede a transmissão de outras IST!


Evidências científicas mostram que quanto mais cedo o tratamento é iniciado, mais lenta é a progressão a médio e longo prazo. Além disso, menores são os riscos de complicações, infecções oportunistas e maior a expectativa de vida quando comparados a indivíduos que demoram para dar início ao tratamento.


No Brasil, o SUS disponibiliza os antiretrovirais de forma gratuita para todas as pessoas que vivem com HIV ou AIDS.


Apesar da terapia com antiretrovirais melhorar significativamente a qualidade de vida de muitas pessoas, não há cura para o HIV. Uma pessoa HIV positiva não pode deixar de tomar os medicamentos antiretrovirais. Isso ocorre por que, mesmo com uma carga viral indetectável, o HIV pode se manter de forma latente em alguns “reservatórios” no corpo.


Como assim? O que isso significa?


Algumas células podem ficar infectadas com o HIV “dormindo” (em latência), mas que pode ser “acordado” e têm a capacidade de se multiplicar. Esse estágio de latência do vírus é umas das principais barreiras para erradicar o HIV em pessoas infectadas. Estes reservatórios possuem longa duração, não respondem aos medicamentos antiretrovirais e, devido a essa característica de repouso, não são reconhecidos pelo sistema imunológico.


Apesar disso, muitos cientistas ao redor do mundo buscam entender os mecanismos envolvidos com esse estágio de latência para contribuir para o desenvolvimento de uma vacina ou terapia definitiva.


Curiosidades:


- Atualmente as pessoas vivendo com HIV precisam tomar diariamente seus medicamentos antiretrovirais. Existem alguns medicamentos em fase de teste clínico que visam reduzir essa administração à 1 vez ao mês através da injeção dos medicamentos. Os resultados são promissores, pois não foi visto diferença entre pessoas que tomaram a injeção única de retroviral comparada com as que continuaram o tratamento diário durante um mês.


- Existe uma pequena fração de indivíduos que vivem com o HIV e são capazes de lidar com a infecção de maneira natural sem uso de medicamentos. Estas pessoas representam 0,5% dos indivíduos infectados e são chamados de ‘controladores de elite’ (elite controllers). Em agosto de 2020 foi publicado um artigo científico relatando um caso de uma pessoa que ficou 24 anos vivendo com o HIV sem uso de antiretrovirais! Essa pequena fração de pessoas seguem um mistério para os cientistas. Como eles fazem isso?


O que aprendemos com esse post?


- É importante ter cuidado no uso generalizado da palavra AIDS, pois existem várias pessoas que vivem com o HIV e não tem AIDS.

- Como o vírus ataca células do sistema imune, se você é um ser humano, você pode ser infectado pelo vírus. Independente da sua orientação sexual, gênero, idade...

- No Brasil, graças ao SUS, é possível ter acesso a testes, medicamentos e acompanhamento!


Autora

Membro do Ciência Povão

Maria Fernanda Araujo

Biotecnóloga

Mestre e doutoranda em química biológica




REFERÊNCIAS


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