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Foto do escritorSthepanie Serafim

Qual o impacto das vacinas na sociedade?

Olá meu povo, tudo bem com vocês? A vacina da COVID-19 finalmente chegou ao Brasil e nós do ciência povão estamos aguardando ansiosamente nossa vez nessa fila. Mas meu povo, quero fazer uma pergunta pra vocês e responda honestamente, a carteira de vacinação de vocês está atualizada? Vocês tomam todas as vacinas que já estão disponíveis de forma totalmente gratuita pelo SUS? E seus filhos?


Na semana passada foi publicado um artigo na revista científica The Lancet, onde foi estimado que a vacinação preveniu a morte de 69 milhões de pessoas. Devido à vacinação, crianças nascidas em 2019 têm 72% menos chances de morrer devido a uma infecção por 10 patógenos* durante a sua vida. Além disso, caso não houvesse programas de vacinação, haveria um aumento de 45% nas mortes de crianças abaixo de 5 anos de idade. Essa pesquisa foi conduzida por 16 laboratórios independentes, onde o impacto da vacinação de 10 doenças foi estudado em 98 países. As doenças avaliadas foram: Hepatite B, papilomavírus humano, gripe, encefalite japonesa, sarampo, meningite, pneumonia, rotavírus, rubéola e febre amarela. A partir dessas informações podemos ter uma dimensão do quanto as vacinas são importantes na prevenção de doenças.


*Patógenos avaliados no estudo: Vírus da hepatite B, Papilomavírus humano, Haemophilus influenzae tipo B, vírus da encefalite japonesa, vírus do sarampo, Neisseria meningitidis serogroupo A, Streptococcus pneumoniae, Rotavírus, vírus da Rubéola, vírus da febre amarela.


Redução da vacinação no Brasil


As vacinas são muito efetivas na prevenção de doenças, reduzindo a mortalidade. Sendo assim, programas de vacinação eficientes promovem a redução da transmissão de doenças, dando uma “falsa impressão” de segurança. Essa sensação faz com que as pessoas não se preocupem em manter as vacinas em dia, levando a um aumento da transmissão de doenças que poderiam ser facilmente prevenidas. O sarampo, por exemplo, foi uma das doenças de maior morbidade e mortalidade infantil durante muitos anos. Após a campanha nacional de vacinação em 1992, em que 48.023.657 crianças de 9 meses a 14 anos de idade foram imunizadas, houve uma redução de 81% do número de casos notificados. Desde 2013, as taxas de vacinação do sarampo vêm caindo, e em 2020 foram registrados 8.217 casos e 7 mortes no Brasil. O Pará é o estado mais grave representando 64% dos casos. Agora meu povo, o sarampo é uma doença que já tem vacina disponível no calendário de vacinação do SUS, por que esse aumento no número de casos? A resposta é simples, as pessoas não tomaram a vacina. Assim como o sarampo, diversas doenças tiveram uma redução da taxa de vacinação, como poliomielite, caxumba e rubéola. Em 2016, o Brasil registrou a pior taxa de imunização desde 2005. De acordo com o professor de epidemiologia do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP) em entrevista à BBC, Expedito Luna: "Quando há quedas nas taxas de imunização você vai criando um grupo de pessoas suscetíveis. Esse grupo vai crescendo ao longo do tempo, até chegar ao ponto em que a importação de um único caso gera uma epidemia”.


A vacinação é uma estratégia de saúde coletiva


A vacinação é uma estratégia de proteção individual e coletiva. Para que ocorra a transmissão de doenças, como a COVID-19 por exemplo, é necessário o contato de uma pessoa doente com uma pessoa saudável. Ao ser vacinada, a pessoa gera uma resposta imunológica mais rápida e eficaz caso entre em contato com uma pessoa doente, reduzindo assim a transmissão da doença. É como se a pessoa vacinada fosse um escudo, e parasse a transmissão ali. Dessa forma, a pessoa vacinada protege a si mesma e as pessoas com quem convive. Para que essa estratégia funcione, é necessário uma alta taxa de cobertura vacinal, ou seja, que muitas pessoas se vacinem. Quanto maior o número de pessoas vacinadas, menor a chance da transmissão da doença. Quando essa cobertura é atingida, você também protege pessoas que não podem tomar vacinas, como pessoas imunodeprimidas e gestantes.


A alta cobertura vacinal é um esforço que deve ser feito continuamente pelo governo através do fornecimento das vacinas, da educação e pela sociedade através do comprometimento social.



Referências


Li et al. Estimating the health impact of vaccination against ten pathogens in 98 low-income and middle-income countries from 2000 to 2030: a modelling study. v. 397, p. 398-408, 2021.




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