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Por que todos associam a diabetes ao açúcar?

Meu povo, minha pova, meu povãaao!


Hoje vamos falar sobre uma doença que acomete cerca de 13 milhões de pessoas no Brasil: a diabetes.


Você com certeza já ouviu o seguinte: “Pessoas diabéticas precisam controlar a quantidade de açúcar que elas comem”. Por que será isso?


Primeiramente, vamos esclarecer: Nem todo açúcar é doce!


Como assim? Em bioquímica, os açúcares são sinônimos de carboidratos. Existem vários alimentos salgados que são ricos em açúcares, como por exemplo: pão, macarrão, batata ...


Então, na realidade, pessoas diabéticas precisam controlar a quantidade de carboidratos consumida! Um açúcar muito importante pra gente entender a diabetes é a glicose!


Já parou pra pensar por que a gente precisa se alimentar? Quando ficamos em jejum por muito tempo não dá uma certa fraqueza, uma falta de energia? Quando comemos um alimento rico em açúcares, nosso corpo o digere até chegar a formas bem simples como, por exemplo, a glicose. Ela é absorvida no intestino e é transportada para todos os órgãos pela corrente sanguínea. A glicose é uma fonte de energia para nosso organismo funcionar bem!


Todos os órgãos são formados por células e, para que seja gerada energia, a glicose precisa sair da corrente sanguínea e entrar nas células. E aqui aparece outro protagonista para entendermos a diabetes: o hormônio insulina.


A insulina é um hormônio produzido e secretado pelo pâncreas quando comemos! Ele é jogado na corrente sanguínea e vai ser o responsável por mandar abrir a “porta” para a glicose entrar nas células. Só assim a glicose não fica no sangue.


A diabetes é uma doença que mexe no equilíbrio entre a glicose e a insulina! Uma pessoa com diabetes não produz ou não consegue usar adequadamente a insulina que produz.


Existem 2 tipos de diabetes: a do tipo 1 e o tipo 2.


Tipo 1:


De 5 a 10% das pessoas com diabetes têm o tipo 1. Pessoas com esse tipo de diabetes não produzem ou produzem muito pouca insulina. Por quê?


O sistema imune é uma ferramenta que o nosso corpo tem para nos proteger do que não nos faz bem. Mas às vezes ele erra. Em diabéticos do tipo 1, o sistema imunológico ataca equivocadamente as células do pâncreas que são responsáveis por produzir a insulina. Sendo assim, pouca ou nenhuma insulina é liberada na corrente sanguínea.


Esse tipo de diabetes normalmente é diagnosticado ainda quando criança, adolescente ou jovem adulto, mas pode se desenvolver em qualquer fase da vida.


- Tente responder: Pessoas com diabetes do tipo 1 precisam tomar insulina?


SIM! Como vimos, a insulina é um hormônio essencial e, por isso, pessoas com o tipo 1 de diabetes precisam repor esse hormônio!


Curiosidade: Você já viu que a insulina sempre é tomada na forma de injeção? Já se perguntou por que ela não pode ser tomada como um comprimido? A resposta é simples: Ela seria rapidamente degradada pelo ambiente ácido do estômago e não chegaria onde precisa estar, na corrente sanguínea.

Tipo 2:


É o tipo mais frequente: Cerca de 90% das pessoas com diabetes têm o tipo 2!


Diferente das pessoas com o tipo 1, as com o tipo 2 de diabetes produzem insulina, mas as células não respondem normalmente a ela. Isso é chamado de resistência à insulina.


Com a glicose ainda na corrente sanguínea, o que o pâncreas faz? Produz mais insulina para tentar fazer as células responderem. As células precisam de uma quantidade maior de insulina para que esse hormônio desempenhe sua função no organismo. Essa capacidade do pâncreas de aumentar a produção de insulina é fundamental para controlar inicialmente esse problema. No entanto, eventualmente o pâncreas fica sobrecarregado e não consegue mais produzir uma quantidade de insulina suficiente para superar a resistência à insulina. O resultado disso? Níveis mais altos de glicose no sangue, indicando um quadro de pré-diabetes e, se não tratado, de diabetes tipo 2.

- O que causa a resistência à insulina?


Já são conhecidos alguns motivos e alguns fatores de risco, como:

  • Histórico familiar

  • Sedentarismo

  • Dieta desbalanceada com muitos carboidratos

  • Obesidade

  • Microbiota intestinal (bactérias que vivem no seu intestino)

- A diabetes do tipo 2 pode ser prevenida?


Sim! Antes de desenvolver a diabetes tipo 2, muitas pessoas têm pré-diabetes: a quantidade de glicose é maior do que o padrão, mas ainda não é alta o suficiente para ter um diagnóstico de diabetes. A pré-diabetes pode ser revertida com mudança de alguns hábitos como:

  • Exercício físico

  • Dieta balanceada com menor ingestão de carboidratos

  • Perda de gordura

  • Melhorar a qualidade do sono

  • Reduzir o estresse

- Tente responder: Pessoas com diabetes do tipo 2 precisam tomar insulina?


Depende! Algumas pessoas podem controlá-la com alimentação mais saudável e exercícios. Outras precisam, além desse tratamento, de medicamentos orais. Outras, ainda podem precisar tomar a insulina. Por quê?


Como vimos, na diabetes do tipo 2 há produção de insulina (inclusive, uma produção maior do que a padrão), mas eventualmente o pâncreas para de produzir e, nesses casos, é necessário fazer a reposição.


É comum que o tratamento mude ao longo do tempo e, por isso, é fundamental fazer o acompanhamento médico.


Além desses dois tipos de diabetes, ainda tem a diabetes gestacional: que pode ser desenvolvida por mulheres saudáveis durante a gravidez. Se tiver interesse em saber mais sobre esse tipo de diabetes, só pedir que podemos fazer um post exclusivo sobre isso!


Mas afinal... qual o problema da glicose ficar na corrente sanguínea?


A hiperglicemia ( aumento dos níveis de glicose no sangue), quando não controlada, pode levar a complicações como:


- Doenças cardiovasculares (que afetam o coração)

- Insuficiência renal (que afeta os rins)

- Cegueira

- Neuropatia (afeta os nervos das extremidades do corpo)

- Má circulação


É isso, povão! A diabetes é uma doença muito comum e rende bastante assunto! Se quiserem saber mais alguma coisa sobre ela, deixa aqui nos comentários que podemos fazer outros posts!


Autora

Maria Fernanda Araujo

Biotecnóloga

Meste e doutoranda em química biológica


Referências

2. Nelson, D.L; Cox, M.M. Princípios de Bioquímica de Lehningher. Sétima edição, capítulo 23. Artmed, 2019.



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