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O que é inteligência artificial?

“O que queremos é uma máquina capaz de aprender com a experiência”

(Alan Turing, 1947)


E ai, povão. Hidratados? Se cuidando na quarentena? Hoje vamos falar de um assunto que rende muito papo em bar, histórias em livros e mais roteiros de filmes que fios de cabelo no meu black power. Afinal de contas, o que é uma inteligência artificial? Será que estamos próximos de criar uma Skynet? Ou talvez uma máquina mais inteligente que nós?


A inteligência artificial (IA) é um conceito e uma tecnologia que desperta a curiosidade de muita gente. Talvez a primeira coisa que passe pela cabeça quando mencionamos IA sejam os robôs de Exterminador do Futuro, as máquinas de Matrix ou talvez HAL 9000 de 2001: uma odisseia no espaço. No geral, a IA é representada na telona como aquele robô do mal que acaba se virando contra os humanos e destruindo tudo no caminho, deixando o planeta em cinzas e com humanos se escondendo ou sendo usados em experimentos bizarros. Realmente, o nosso imaginário sobre inteligência criada artificialmente não é dos mais animadores.


Já chegou o disco voador: A inteligência artificial já está aqui!


Vamos jogar essa bomba logo de cara. Talvez alguns de vocês não tenham percebido ainda, mas já usamos IA diariamente. O tradutor do Google é uma tecnologia de IA. Assim como aqueles aplicativos de envelhecimento que vira e mexe brotam nas redes sociais e os carros sem motorista da Tesla. Vocês também encontram IA quando falam com atendentes virtuais em alguns sites de compras. Isso sem falar que a IA vem sendo implementada (e com bastante sucesso) para fazer diagnóstico de doenças, prevenção de fraudes bancárias, identificação de fake news, tradução de textos, legenda de imagens, reconhecimento facial e também no desenvolvimento de medicamentos na indústria farmacêutica.


Todas essas coisas já existem há alguns anos, mas ganharam um novo gás a partir de 2010. Isso porque o avanço tecnológico permitiu que computadores mais potentes fossem construídos no século 21. Atualmente, é bem mais barato e fácil armazenar a enorme quantidade de dados necessários para desenvolver ou treinar uma máquina que resolva problemas específicos. Além disso, existem inúmeras ferramentas que permitem cientistas e entusiastas treinarem suas próprias IAs de forma rápida e sem gastar muito. A IA é um campo de pesquisa a todo vapor e parece que agora veio para ficar!


O que é inteligência artificial?


O termo inteligência artificial (IA) parece se referir à coisas mágicas ou à tecnologia muito avançada para criar robôs super inteligentes capazes de pensar e ter emoções. Mas na verdade não é bem assim. Na prática, a gente pode pensar em IA como uma área de estudo sobre agentes capazes de receber informações sobre o ambiente e executar uma ação. Ou seja, na IA estamos interessados em estudar uma forma de inteligência apresentada por máquinas, em vez de pessoas e animais. Assim como no caso natural, nós avaliamos essa inteligência com base no sucesso da máquina em resolver um problema, por exemplo uma vitória no xadrez ou um carro que consegue se locomover sem motorista.


Essa definição de IA acaba gerando uma situação chamada de “Efeito IA”, na qual só consideramos inteligência artificial aquilo que ainda não foi feito. Por exemplo, depois que o computador DeepBlue derrotou o mestre de xadrez Garry Kasparov em 1997, algumas pessoas disseram que aquilo não era inteligência de verdade. Atualmente, qualquer jogo de xadrez de celular apresenta vários níveis de dificuldade para você jogar contra a máquina e o próprio celular é bem mais potente que o DeepBlue.


Na verdade, o xadrez ficou tão fácil para máquinas que hoje já existem IAs capazes de ganhar em jogos muito mais complexos, como o Go. Além disso, já tivemos uma IA capaz de superar times profissionais em jogos online cooperativos, como o Starcraft. Também existem IAs que conseguem fazer simulações extremamente realistas de líquidos, gases e pessoas. Será que um dia isso também vai deixar de ser considerado IA? É bem possível.


A gente pode pensar a mesma coisa de reconhecimento de imagens feito por computadores, que há muito tempo superou a capacidade humana e virou rotina. No geral, isso acaba empurrando para o campo da IA aquelas tarefas que humanos não conseguem fazer com facilidade. Nós, humanos, realmente queremos um lugar especial no Universo, né não?


Se você quiser uma prova do que podemos fazer com IA hoje, confere essa página aqui, chamada This person does not exists (Essa pessoa não existe). No site você encontra fotos de pessoas QUE NÃO EXISTEM, todas as fotos foram criadas (talvez imaginadas?) por uma máquina. Ou nesse outro site aqui, onde você pode definir gênero, cor da pele, olhos e cabelo, idade, por exemplo, e criar quantas “pessoas” você quiser!


Apesar da inteligência artificial moderna permitir criar fotos e vídeos ultrarrealistas de pessoas e ganhar de jogadores profissionais, a IA ainda não é criada do mesmo jeito que a natural e além disso, não funciona da mesma forma.


Enquanto os nossos pensamentos e ações dependem de uma complexa rede de estímulos elétricos, químicos, biológicos e sociais, as IAs modernas respondem ao mundo ao redor através de lógica, que pode ser definida de forma explícita (“Se um tigre aparecer, corra!”) ou ainda deixando a máquina encontrar sua própria lógica de acordo com um modelo matemático. Podemos pensar que a IA atual é bem rasa ou fraca, e só consegue resolver alguns problemas específicos, como jogos, traduzir texto e analisar imagens.


Pode parecer que o termo “rasa” mostre que a IA moderna não seja tão poderosa, mas isso está longe da verdade. Nós mencionamos acima algumas das aplicações mais conhecidas da IA atualmente. São aplicações bem legais e que abrem caminho para o desenvolvimento de novas tecnologias que podem ajudar em diversos setores, incluindo economia, audiovisual, saúde, esportes etc.


A tecnologia atual ainda precisa avançar bastante para criar uma IA generalista ou forte, tão complexa quanto a inteligência humana ou animal, capaz de resolver diversos tipos de problemas. Alguns especialistas dizem que isso pode ser possível nos próximos 50 ou 100 anos. Outros dizem que nunca vai acontecer. Mas uma coisa é certa: cada passo que damos nos deixa mais próximos da criação.


Máquinas podem ser inteligentes?


A gente falou ali pra cima sobre uma IA generalista capaz de resolver qualquer problema. É este tipo de IA que dá medo em muita gente! Imagina só um dia você ter uma conversa com uma máquina que é capaz de sentir, demonstrar emoções e elaborar hipóteses e testes para resolver um problema? Essa forma de IA seria praticamente indistinguível e conseguiria se passar por humana facilmente. Essa capacidade da máquina de se passar por humano é a questão central do jogo da imitação.


Em 1950, Alan Turing publicou um famoso artigo científico propondo um teste para verificar se uma máquina pode apresentar inteligência. Nesse teste, um interrogador humano deve dizer se um jogador (A ou B) é uma máquina ou humano, baseado num padrão de respostas. Uma IA generalista ou forte conseguiria facilmente enganar o interrogador, uma vez que suas respostas seriam quase completamente humanas, demonstrando lógica, emoções e personalidade.


O Teste de Turing é uma forma interesse para começarmos a pensar sobre o que é comportamento inteligente e como poderíamos fazer uma máquina inteligente. Na verdade, dependendo de como você pensa em “inteligência”, pode ser bem fácil enganar alguém usando respostas de uma máquina. Vale citar aqui o exemplo do programa ELIZA, desenvolvido em 1966 (só 16 anos depois de Turing propor o teste!) por Joseph Weizenbaum. O ELIZA recebia textos, respondia, e simulava respostas que poderiam ser dadas por um psicólogo. O que o programa fazia era pegar palavras-chaves e responder com perguntas usando esses termos. Por exemplo, se a pessoa falasse que estava deprimida, o programa responderia “Por que você acha que está deprimida?”. Quando o programa não sabia o que responder, ele simplesmente dava uma resposta bem vaga. Surpreendentemente, muita gente achou que o ELIZA era uma pessoa real e gostavam de conversar com a máquina! Viu como é fácil achar que alguma coisa é inteligente e tem consciência?


Nossa grande e última criação?


Existe uma preocupação na área da inteligência artificial sobre o quanto a pesquisa pode avançar e quais seriam suas consequências. Uma preocupação bem atual diz respeito ao futuro dos empregos conforme a automação do trabalho aumenta. Será que vamos perder nossos empregos para as máquinas? Quais trabalhos estão em risco de extinção em um futuro próximo? Dá uma olhada nesta lista feita pela universidade de Oxford sobre o risco do seu trabalho sumir daqui alguns anos: https://www.bbc.com/news/technology-34066941. Deixa um like aqui para gente fazer uma matéria sobre isso!


Outro medo que ronda a imaginação é de máquinas se rebelando, escravizando e destruindo a humanidade. Filmes como: Matrix, Exterminador do Futuro, MOTHER e Eu, robô abordam esse tema. Nos filmes, as máquinas são sempre vistas como antagonistas que por algum erro de programação ou por seguirem à risca seus programas, acabam destruindo tudo no seu caminho e mergulhando o mundo numa época sombria com os poucos sobreviventes se escondendo e tentando revidar.


Esses filmes sugerem o que pode acontecer caso uma super inteligência apareça, uma máquina capaz de, não só entender, mas ter consciência, demonstrar emoções, crenças, necessidades e superar humanos em basicamente tudo. O aparecimento de tal tecnologia seria uma Singularidade, o momento que humanos conseguiram criar algo superior a eles mesmos. A partir disso, as máquinas poderiam criar outras máquinas cada vez melhores de forma exponencial, deixando humanos no chinelo. Sabe aquela história de ser muita areia para seu caminhãozinho? É basicamente isso e nós criaríamos algo que não temos total controle e nem ideia do impacto no mundo.


Essa super inteligência é hipotética e ainda estamos muito longe de chegar nesse nível. Talvez nem seja possível. Mas ela abre espaço para pensarmos sobre temas como consciência, livre arbítrio e o futuro da humanidade. Afinal de contas, uma máquina realmente teria consciência ou simplesmente estaria seguindo uma programação? E nós? Nossa consciência é real? Máquinas inteligentes e conscientes teriam direitos e deveres? Enfim, várias questões éticas surgiriam no momento que uma IA desse tipo fosse criada e precisaríamos revisar nossos conceitos mais fundamentais sobre humanidade.


De fato, a criação de uma IA super inteligente poderia ser a nossa última criação. Ou talvez abrir espaço para um futuro que nem conseguimos imaginar, exceto por escritores de ficção científica! Quem garante que essa IA não vai destruir a humanidade ou simplesmente abrir um cassino com open bar?


Toques finais


Esse texto foi uma forma de introduzir o tema inteligência artificial, seus usos e possibilidades. Falar de IA rende muito papo e podemos fazer outros posts do tipo. Deixa o like aqui pra gente falar mais sobre isso!


A mensagem que queremos deixar é que estamos muito distantes de criar uma máquina igual essas de filmes, capaz de pensar e fazer tudo melhor que nós. Na verdade, a IA atual só precisa ser melhor que humanos em tarefas específicas, coisa que ela já está fazendo em algumas das áreas que mencionamos no texto. É importante ressaltar que a tecnologia em si não é perigosa; o que fazemos com ela diz mais sobre nós, humanos, que sobre as máquinas.


Autor

Marcos Santana

Farmacêutico

Mestre e doutor em Ciências e Biotecnologia

Pós-doc na FIOCRUZ - Pesquisa com Inteligência artificial


Referências


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