Olá meu povo! No dia 08 de março é comemorado o dia internacional da mulher e o Ciência Povão não poderia deixar de falar sobre as mulheres que revolucionaram a ciência nessa data.
Quando se fala em cientista, a primeira imagem que vem na cabeça é de um homem branco, de jaleco e óculos. No entanto, as mulheres foram essenciais na construção do conhecimento científico e muitas vezes apagadas ao longo da história. Por exemplo, vocês sabiam que a esposa do Albert Einstein, Mileva Marić Einstein, estudou física e matemática junto com ele no Instituto Politécnico de Zurique? Além disso, eles eram colaboradores em suas pesquisas, e Mileva contribuiu para a elaboração e revisão de inúmeros artigos científicos. Apesar dessa contribuição, o nome de Mileva Einstein nunca foi citado em seus artigos científicos e a sua contribuição só pode ser comprovada através de cartas que foram trocadas entre ela e Albert Einstein. Assim como Mileva, inúmeras outras cientistas brilhantes não tiveram reconhecimento durante sua carreira. Dessa forma, hoje eu gostaria de abordar algumas cientistas mulheres que revolucionaram a forma como vivemos, para que vocês tenham certeza de que se há vacina para COVID-19, se você pode ligar o GPS no seu celular, se você usa a internet, se o ser humano chegou a marte na semana passada, tudo isso foi graças às cientistas e mulheres fantásticas.
Atualmente, as mulheres na ciência representam apenas 33,3% dos pesquisadores no mundo, de acordo com o Instituto de estatística da UNESCO. Além disso, essas pesquisadoras não recebem o reconhecimento devido pelo seu trabalho. O Prêmio Nobel é um prêmio internacional que reconhece descobertas científicas importantes para a humanidade. Dos prêmios concedidos até hoje, apenas 5,9% (57) foram recebidos por mulheres. Essa grande diferença de gênero na academia se deve a fatores desde estímulos e caminhos educacionais até o contexto social.
Vamos enaltecer cientistas e suas descobertas!
Provavelmente uma das cientistas mais famosas do mundo é a polonesa Marie Curie, física e química, que conduziu pesquisas sobre a radioatividade e foi a primeira mulher a receber um Prêmio Nobel e a única pessoa a receber duas vezes este prêmio. O que talvez você não tenha parado para pensar é: como utilizamos a radioatividade hoje? Utilizamos para a produção de energia nuclear; para o tratamento de doenças, como o câncer; para exames diagnósticos, como a ressonância magnética; dentre outras.
Agora vamos falar sobre algumas cientistas que todo mundo deveria conhecer:
Rosalind Franklin (1920 - 1958)
Química britânica, foi responsável por obter a primeira cristalografia de raio-x da molécula de DNA e determinar as dimensões dessa molécula. A partir dos seus estudos foi possível caracterizar a estrutura da molécula de DNA, uma dupla-fita com sequência complementar. Os seus dados foram utilizados por Francis Crick e James Watson, que publicaram o modelo do DNA juntamente com Maurice Wilkins. Esses pesquisadores ganharam um Prêmio Nobel por essa descoberta e a Rosalind ficou de fora, gerando até hoje um debate na comunidade científica pelo reconhecimento do seu trabalho.
Dorothy Hodgkin (1910 - 1994)
Também foi uma química, e trabalhou no avanço da técnica da cristalografia de raio-x. Ela utilizou essa técnica para determinar a estrutura química de diversas moléculas relevantes, como a penicilina (antibiótico), a vitamina B12 e a insulina, ganhando por isso o Prêmio Nobel em 1964. Suas contribuições permitiram o avanço das pesquisas em diabetes e no tratamento dessa doença. Além disso, ela foi a segunda mulher a ganhar a medalha de Ordem de Mérito Britânica em 1965. Foi mentora de Margaret Tatcher (primeira-ministra do Reino Unido de 1979 a 1990), que também ganhou uma medalha de Ordem de Mérito.
Grace Hopper (1906-1992)
É considerada uma das primeiras programadoras. Ajudou no desenvolvimento de diversas linguagens de programação, contribuindo para o vocabulário moderno da informática. Durante o desenvolvimento dos primeiros computadores eletromecânicos, Grace desmontou um computador que estava com mal-funcionamento e descobriu que uma mariposa morta estava causando o problema, sendo a primeira pessoa a chamar problemas no computador de “bugs”. Possuía mestrado e doutorado em matemática pela universidade de Yale e atuou na marinha dos EUA. Atuou durante a Segunda guerra mundial em cálculos ultra secretos para calibração de caça-minas (navios especializados na detecção e caracterização de minas), cálculo de alcance de canhões antiaéreos e verificação da matemática por trás da bomba de plutônio.
Barbara McClintock (1902-1992)
Botânica americana responsável por diversas descobertas na área da genética. Foi laureada com o Prêmio Nobel em 1971 pela descoberta do que hoje chamamos de Transposons. Ela demonstrou a presença destes elementos que podem se movimentar no cromossomo, causando a ativação de genes.
Sally Ride (1951 - 2012)
Primeira astronauta americana da NASA no espaço durante a missão do ônibus espacial Challenger em 1983. Além disso, foi a pessoa mais jovem a sair da atmosfera terrestre, aos 32 anos. Ela ganhou diversos prêmios, atuou como professora na Universidade da Califórnia e criou uma instituição “Sally Ride Science” para incentivar jovens a perseguir a carreira em STEM (Science, Technology, Engineering, and Mathematics; Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), além de escrever livros sobre sua experiência no espaço para crianças.
Tu Youyou (1930 - presente)
Estudiosa da tradicional medicina herbal Chinesa e química farmacêutica, Tu descobriu um novo fármaco para o tratamento de malária e salvou a vida de milhões de pessoas no mundo. Por essa descoberta, foi laureada (premiada) com o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina em 2015, que foi mencionado pela Fundação Lasker para pesquisas médicas como “A intervenção farmacêutica mais importante na última metade do século”.
Existem diversas outras mulheres incríveis, essa lista poderia ser enorme, mas agora eu gostaria de destacar algumas cientistas que estão fazendo a diferença hoje:
Gladys West (1930 - Presente)
Matemática americana, contribuiu com modelos matemáticos que determinam o formato do planeta Terra. Desenvolveu modelos de geodésica* de satélites que foram incorporados ao GPS (Global Positioning System). Foi introduzida no Hall da fama da Força Aérea dos EUA em 2018, uma das maiores honrarias do Comando Aeroespacial dos EUA.
* Levantamento e representação da forma da superfície da Terra. É influenciada pelo campo gravitacional. Medições e cálculos matemáticos da superfície terrestre.
Tiera Fletcher Guinn (2000 - presente)
Engenheira aeroespacial formada pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), trabalhou no design estrutural e na análise de engenharia do Space Launch System da NASA. Atualmente, trabalha para a Boeing. Recebeu diversos prêmios e promoveu o estímulo de jovens a perseguir a carreira em STEM (Science, Technology, Engineering, and Mathematics; Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Tudo isso com apenas 22 anos.
Jennifer Doudna (1964 - presente)
Desenvolveu um método de engenharia genética que permite a modificação do genoma de forma mais precisa. Sua pesquisa permitiu o estudo de diversos organismos e genes e ofereceu a possibilidade para cura de doenças. Pelo desenvolvimento das chamadas “tesouras moleculares”, Doudna e sua colaboradora Emmanuele Charpentier foram laureadas com o Prêmio Nobel em 2020.
Johanna Döbereiner (1924 - 2000)
Nasceu na Tchecoslováquia e imigrou para o Brasil em 1951, após a segunda guerra mundial, se naturalizando brasileira em 1956. Joana se formou em agronomia na Universidade de Munique e desenvolveu no Brasil pesquisas sobre a fixação biológica de nitrogênio em leguminosas tropicais. Seus estudos demonstraram que fixação de nitrogênio pelas plantas era feita pela bactéria rhizobium, ou seja, não seria mais necessário a adição de adubos nitrogenados à plantação de soja, representando uma economia de mais de 2 bilhões de dólares para o Brasil. Com a redução dos custos o Brasil se tornou um grande competidor no mercado internacional. Joana publicou mais de 500 artigos científicos e foi indicada ao prêmio Nobel por sua descoberta.
Özlem Türeci (1967 - Presente)
Co-Fundadora da BioNTech, empresa responsável pelo desenvolvimento da primeira vacina baseada em RNA contra a COVID-19. Özlem é alemã, cientista, física, empreendedora e líder global no setor de saúde.
Kizzmekia Corbett (1986 - Presente)
Imunologista Americana, participou do time que desenvolveu uma das duas vacinas no mundo que apresentou eficiência acima de 90% no NIH (National Institute of Health) nos EUA. Vale ressaltar que as mulheres são apagadas da história, especialmente as mulheres pretas, e Kizzmekia veio para colocar seu nome na história e inspirar uma futura geração de meninas na ciência.
Eu queria escrever essa lista com um número muito maior de nomes, pois são muitas mulheres incríveis, cientistas maravilhosas. Se você se inspirou e se interessou, procure saber sobre as cientistas brasileiras ao seu redor de várias áreas do conhecimento, garanto que a inspiração é certa.
Se você conhece alguma cientista maravilhosa, marca ela e deixa sua homenagem aqui!
Até a próxima povão!
Referências
Para saber mais sobre a vida de Mileva Marić Einstein: Gagnon P. The Forgotten Life of Einstein's First Wife. Scientific American. Dezembro 19, 2016.
https://edition.cnn.com/2020/01/27/world/women-in-science-you-should-know-scn/index.html
https://www.globalcitizen.org/en/content/17-top-female-scientists-who-have-changed-the-worl/
https://www.embrapa.br/memoria-embrapa/personagens/johanna-dobereiner
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