Olá povão, como vocês estão? Espero que bem. Hoje compartilharei os meus conhecimentos sobre uma das anemias existentes, a anemia falciforme. Fiquem ligados, pois é importante sabermos sobre isso. Então, vem comigo.
Primeiramente, vamos entender o que é anemia?
A anemia é qualquer doença que promova a redução na massa total de glóbulos vermelhos em um indivíduo. Nos laboratórios a massa é contabilizada através da dosagem da hemoglobina, uma proteína importantíssima que se localiza na hemácia (glóbulo vermelho). É a hemoglobina que confere a cor avermelhada do sangue e é responsável pelo transporte de O2 (oxigênio).
O impacto da anemia varia, pois depende da:
necessidade de O2 de cada organismo;
velocidade em que a redução dos glóbulos vermelhos ocorre, uma vez que o nosso organismo se adapta bem à reduções mais lentas;
magnitude da redução de glóbulos vermelhos. Quando a anemia se estabelece de forma mais rápida, como os sangramentos agudos, quedas bem menores podem levar rapidamente à morte. Mas se a anemia se estabelecer de forma mais lenta, como ao longo da vida, é possível que o corpo se adapte e consiga funcionar relativamente bem com até 25% da massa normal dos glóbulos vermelhos.
É importante deixar claro que existem diversos tipos de anemias que podem ser classificadas de acordo com a causa, como por exemplo: : deficiência de nutrientes, doenças que comprometem a proliferação das células sanguíneas, doenças que comprometem a função renal ou devido algum tipo de inflamação, alteração genética (mutação), doença na medula óssea e etc.
Agora que entendemos o que é anemia, vamos nos aprofundar na Anemia Falciforme
A Anemia falciforme é uma anormalidade hereditária na hemoglobina, caracterizada por glóbulos vermelhos em forma de foice (meia-lua), e anemia crônica, causada pela destruição excessiva de glóbulos vermelhos anormais. Essa doença tem maior incidência no Brasil, sendo prevalente entre negros e pardos.
Os glóbulos vermelhos contêm uma forma diferente de hemoglobina, chamada de hemoglobina S. Quando os glóbulos vermelhos têm uma quantidade excessiva de hemoglobina S, ocorre uma alteração na sua forma, assumindo assim, uma forma de foice menos flexível. As células vermelhas com esse aspecto morfológico tornam-se numerosas quando os indivíduos apresentam infecções ou baixos níveis de oxigênio.
Como os glóbulos vermelhos em forma de foice são menos flexíveis, eles acabam tendo dificuldades em fluir por vasos sanguíneos menores, como os capilares. Isso bloqueia o fluxo sanguíneo e reduz o fornecimento de oxigênio para os tecidos nas áreas próximas, podendo ocasionar dor e, com o decorrer do tempo, lesões nos órgãos como baço, rins, cérebro, ossos, etc. Além disso, pode ocorrer insuficiência renal e cardíaca, sendo um grande problema de saúde.
Um estudo de 2007 mostrou que o gene S, responsável pela alteração do glóbulo vermelho na forma de foice, está presente em 186,7 milhões de pessoas na população brasileira. A imagem 4 expressa essas informações por região
Imagem 4: Frequência do gene S nas diferentes regiões do Brasil.
A anemia falciforme é a doença hereditária monogênica mais presente no Brasil, ocorrendo predominantemente em afro-descendentes. De acordo com estudo, “A distribuição do gene S no Brasil é bastante heterogênea, dependendo de composição negróide ou caucasóide da população. Assim, a prevalência de heterozigotos para a Hb S é maior nas regiões norte e nordeste (6% a 10%), enquanto nas regiões sul e sudeste a prevalência é menor (2% a 3%)”. Essas informações são bem interessantes, uma vez que são pouco mencionadas ou divulgadas pelas mídias governamentais.
No quadro abaixo, podemos ver os principais dados da doença falciforme (DF) no Brasil, segundo informações do Ministério da Saúde do Brasil. Estima-se que a proporção é 1:1000 (1 a cada 1000) nascimento de criança com anemia falciforme em relação aos recém-nascidos vivos.
Quais são os sintomas?
Indivíduos que apresentam anemia falciforme apresentam icterícia (amarelamento da pele e dos olhos) e um grau de anemia que geralmente causa fadiga, palidez e fraqueza.
A prática de exercício intenso em pessoas com anemia falciforme pode ser fatal, pois pode haver desidratação aguda , como no caso de militares ou atléticos.
Pessoas com traço forte de anemia falciforme correm um risco maior de doença renal crônica e embolia pulmonar, devido ao entupimento dos vasos ocasionados pelos glóbulos vermelhos em forma de foice. Em casos raros, pode haver câncer renal. Além disso, é possível a presença de sangue na urina.
Casos de anemia falciforme não tratados podem apresentar complicações bem sérias, como o aumento do tamanho do baço, pneumonia pneumocócica, cálculos biliares, problemas no coração, úlceras na pele (devido a má circulação sanguínea) e etc.
Como pode ser feito o diagnóstico dessa doença?
Exame de sangue (famoso hemograma)
Eletroforese da hemoglobina, para verificar possível alteração na hemoglobina.
Exame pré-natal.
Possíveis tratamentos
O tratamento tem como objetivo prevenir as crises, controlar a anemia e/ou aliviar os sintomas.
Um transplante de célula-tronco pode curar a anemia falciforme.
A terapia genética, uma técnica responsável por implantar genes normais nas células precursoras (que produzem as células sanguíneas), está sendo no momento estudada.
A transfusão de sangue ajuda a tratar crises de anemia falciforme.
Bom povão, para deixar claro, pessoas que apresentam esse tipo de anemia precisam ter um cuidado redobrado, porque o glóbulo vermelho em forma de foice prejudica o indivíduo portador de várias formas, podendo levá-lo a óbito. A Anemia Falciforme é uma doença incurável, mas tratável.
Autora
Fundadora do Ciência povão
Isabella Rocha
Bióloga e mestre em Bioquímica
Referências:
Doenças do sangue.
<https://www.hemocentro.unicamp.br/doencas-de-sangue/anemias/> Disponível 05 10 2020.
CANCADO, Rodolfo D.; JESUS, Joice A.. A doença falciforme no Brasil. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., São José do Rio Preto , v. 29, n. 3, p. 204-206, Sept. 2007 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-84842007000300002&lng=en&nrm=iso>. access on 05 Oct. 2020. https://doi.org/10.1590/S1516-84842007000300002.
Anemia Falciforme. <https://www.cursosaprendiz.com.br/anemia-falciforme/> disponível 05 10 2020.
CAVALCANTI, Juliana Manzoni; MAIO, Marcos Chor. Entre negros e miscigenados: a anemia e o traço falciforme no Brasil nas décadas de 1930 e 1940. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Rio de Janeiro , v. 18, n. 2, p. 377-406, June 2011 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702011000200007&lng=en&nrm=iso>. access on 05 Oct. 2020. https://doi.org/10.1590/S0104-59702011000200007
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