Olá Povão, cá estamos nós novamente. O assunto de hoje, como bem visto, é o envelhecimento. Todos os jovens sonham em atingir rapidamente os 18 anos, mas quando chegam aos 30, vixeeee Maria, todos começam a ficar preocupados com o que está por vir nos próximos anos.
Fiquem calmos que falaremos algumas coisas interessantes sobre isso.
Afinal, o que é o envelhecimento?
Definir envelhecimento é muito, mais muiiiiiiiiiiito difícil. Vocês devem estar se perguntando por que. Bom, existem atualmente 300 teorias que definem o que é o envelhecimento. Chocante né?! Porém, as duas teorias mais predominantes são:
Existem outras teorias que também são bem famosas, como a da velocidade da vida, a das telomerases, o do envelhecimento celular, a neuroendócrina, a do estresse oxidativo, a da glicosilação, e a do erro de catástrofe e lesão/reparo de DNA, que estão associadas a essas duas teorias principais (estocástica e genética). Não vamos nos aprofundar tanto, mas agora vocês sabem da existência dessas e de outras mais.
Entretanto, independente da teoria, seja estocástica ou genética, uma coisa é certa: com a idade batendo na porta, há de fato, perda de funcionalidade e maior probabilidade de morte. Ui, então bora aproveitar mais a vida!
Quando se inicia o envelhecimento?
Meu Povo, essa é uma grande questão. Mas afinal, quando começa o envelhecimento? Aos 30 anos? 40 anos? 50 anos? Nos artigos científicos há um grande dilema em definir quando se inicia o envelhecimento.
O envelhecimento pode ser definido pela:
Idade Cronológica: a idade cronológica é caracterizada pela quantidade de tempo, em anos, que passou do seu nascimento até o atual momento.
Idade Biológica: é o acúmulo gradual de danos a várias células e tecidos do corpo ao longo dos anos.
Idade Social: obtenção de hábitos e status social individuais para o preenchimento de muitos papéis sociais ou expectativas em relação às pessoas de sua idade, em sua cultura e em seu grupo social. Ou seja, um indivíduo pode ser mais velho ou mais jovem dependendo de como ele se comporta dentro de uma classificação esperada para sua idade em uma sociedade ou cultura particular. (Schroots & Birren, 1990).
Idade Psicológica: considera-se a idade cronológica e às capacidades psicológicas, tais como percepção, aprendizagem e memória, as quais prenunciam o potencial de funcionamento futuro do indivíduo. (Neri, 2005).
É isso mesmo, são definições completamente diferentes que talvez vocês nem sabiam que existiam, mas agora já estão sabendo.
Envelhecimento no Brasil
A média de vida no Brasil de acordo com IBGE (2018), subiu para 76,3 anos. Veja abaixo a evolução na esperança de vida (antigo termo “expectativa de vida”) do povo brasileiro nos últimos anos:
Gráfico 1. Esperança de vida da população brasileira dos últimos 15 anos.
Fonte adaptada: IBGE.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2025, o Brasil será o sexto país em número de idosos. Dados do IBGE de 2019, indicam que existe no Brasil 21.872 milhões de pessoas acima de 65 anos. Que babado! Mas com esse aumento temos outras consequências sociais, como: saúde pública, previdência social, redução de trabalho associado à idade, entre outros.
Temos que refletir sobre essas questões, pois a nossa sociedade, a nível econômico, não está preparando o terreno para suportar tantas pessoas idosas no país. Ressalto que isso não é só uma questão a nível nacional, mas mundial também!
Como o nosso corpo é afetado pelo o envelhecimento?
Com o envelhecimento, o nosso corpo começa a responder mais lentamente e os órgãos começam a perder as suas funções. Além disso, os idosos tendem a apresentar diferentes padrões de doenças, maior probabilidade de uma doença ocorrer no mesmo indivíduo (simultaneamente), declínio das funções normais e avaliação de análises clínicas com intervalo de referência diferente dos adultos (ex: TSH, glicose, colesterol, etc.)
Um dos exemplos da resposta do organismo à velhice é:
Redução da imunidade (maior probabilidade de contrair infecções, doenças autoimune e câncer)
Perda da força muscular
Redução da memória e cognição
Baixa elasticidade da pele (surgimento de rugas)
Alterações nos hormônios do sistema endócrino
Perda de água corporal
As doenças mais comuns em idosos são:
Doenças cardiovasculares
Problemas pulmonares
Diabetes
Osteoporose
Alzheimer
Câncer
Além disso, de acordo com Wajngarten et. al.(2007) o qual estudou o envelhecimento com um grupo de 840 idosos (564 mulheres, 276 homens) no período de julho de 1997 a abril de 2007, concluiu que mulheres sobrevivem mais que os homens ao longo dos anos, como evidenciado no gráfico abaixo:
Imagem 2. Curva de sobrevivência entre homens e mulheres ao longo do tempo.
Esse mesmo estudo apontou as causas mais prevalentes de mortalidade de acordo com a faixa etária, conforme demonstrado abaixo:
Gráfico 2. Dados adaptado Wajngarten et. al.(2007)
Como podemos ver meu povo, algumas doenças são mais prevalentes na faixa etária de 60-79 anos, enquanto que em outras, observamos maior prevalência na faixa etária de 80 anos ou mais. Agora que estamos cientes das doenças mais presentes na velhice e o que causa a mortalidade, já podemos ter mais atenção com a nossa saúde antes de chegar lá, o que acham? Além disso, podemos olhar de uma forma mais amorosa e empática aos idosos, independente do grau de parentesco com eles (isso deveria ser obrigação na verdade).
Lembrem-se, um dia seremos idosos!
Ah Ciência Povão, tem alguma vantagem em envelhecer? Continue aqui, porque o assunto ainda não terminou.
Gente, envelhecer não significa que nos tornaremos corpos descartáveis e inválidos como como muitos pensam. Zaria Gorvett mostrou, em um artigo para a BBC, que hoje em dia ser mais velho é o auge da vida. Para entendermos melhor, fiquem atentos aos pontos positivos listados abaixo:
Inteligentes: de acordo com Gary Small, da Universidade da Califórnia, “As pessoas desenvolvem uma perspectiva maior do que é importante, e a capacidade de resolver problemas é refinada depois de anos de prática. E há o acúmulo de certos tipos de conhecimentos – o que chamamos de inteligência cristalizada”. Assim, idosos são considerados mais inteligentes porque adquiriram inteligência ao longo dos anos.
São menos susceptíveis a resfriados: Não é só o cérebro que se torna mais sábio com a idade. O sistema imunológico humano encontra milhões de perigos em potencial todos os dias, e precisa aprender a identificá-los. Com o passar dos anos, as informações ficam guardadas nas nossas células imunológicas, logo, o idoso tem proteção cumulativa, o que significa menos resfriados. No entanto, outras defesas tendem a se enfraquecer com a idade e há a redução da produção de proteínas, anticorpos e das próprias células imunológicas, levando a diminuição da eficácia contra novos patógenos.
Sobrevivem a surtos: Lembram-se da gripe espanhola, em 1918? Então, morreram mais jovens e adultos (20-40 anos) que idosos. A gripe Suína, em 2009, teve foco maior em pessoas com menos de 65 anos.
Alergias a declínio: Mitchell Grayson, do Hospital Infantil de Wisconsin, afirma que quanto mais velho ficamos, menos severos serão os sintomas. “A doença alérgica atinge seu pico na infância e tende a diminuir na adolescência ou após os 20 anos. Aos 30, pode haver uma recaída, mas aos 50 ou 60, os sintomas tendem a ser menos frequentes.”
Menos enxaqueca: um estudo da Universidade de Gotemburgo, Suécia, mostrou que as crises de enxaqueca ficam mais curtas com a idade.
Menos suor: com o envelhecimento as glândulas sudoríparas encolhem-se e se tornam menos numerosas. Por isso, os idosos não transpiram tanto como uma pessoa de 20 anos.
Melhor qualidade de vida: segundo estudo realizado na Dinamarca, os velhinhos estão se alimentando melhor e consequentemente vivendo mais tempo.
Apesar de todos os desafios fisiológicos ou genéticos ao longo dos anos, as pessoas idosas são marcadas por vivências que jamais vamos saber como foi em uma dada época.
Vocês já pararam para pensar que além desses fatores que foram mencionados, os idosos podem passear pelo mundo com descontos e, em alguns casos, até mesmo sem pagar? Além disso, podem usufruir melhor da vida no seu lar.
Ai se eu puder chegar aos 90 anos e poder passar os meus conhecimentos para alguém, destino não me segura. Quero ser aquela velhinha que dança no tik tok (me julguem).
Curiosidade
Você sabia que existem zonas específicas no mundo onde as pessoas vivem mais? Pois é povão, são especificamente 5 zonas (Figura 2) em que se encontram mais centenários e esta população é caracterizada por ter hábitos saudáveis. Essas zonas são conhecidas como zonas azuis.
As zonas azuis são 5 regiões do planeta em que se vive com estilo de vida excepcional. Os habitantes com mais de 105 anos aparentam ter 70 anos. Pasmem! Apesar dos países serem completamente diferentes, o estilo de vida os tornam comuns. Abaixo, podemos observar alguns dos princípios de como viver melhor, “talvez possa ajudar vocês a terem um estilo de vida melhor, como os países da zona azul”.
Então Povão, afinal, devemos temer tanto o envelhecimento ou talvez aproveitar as experiências adquiridas ao longo e da vida e poder fazer algo incrível com isso?
Deixo essa reflexão para vocês e até a próxima!
Autora
Isabella da Rocha
Graduada em Ciências Biológicas
Mestranda em Bioquímica Clínica
Referências
SCHNEIDER, Rodolfo Herberto; IRIGARAY, Tatiana Quarti. O envelhecimento na atualidade: aspectos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais. Estud. psicol. (Campinas), Campinas , v. 25, n. 4, p. 585-593.
Clinical Biochemistry-An illustrated Colour Text” Gaw, Cowan, O’Reilly, Stewart, Shepherd. Churchill Livingstone Pub,.
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