Olá povão, como estão? Bom, atendendo a pedidos, vamos comentar algumas coisas sobre a chocante nuvem de gafanhotos que estremeceu o coração dos países sul-americanos. Então fiquem atentos e venham com a gente.
O que é a nuvem de gafanhoto? Explique Ciência Povão!
De modo geral, gafanhotos têm capacidade de se reproduzirem exponencialmente sob certas circunstâncias, apesar de serem solitários. No entanto, com o aumento populacional, tornam-se insetos gregários (unidos venceremos) avançando em grandes populações sem direção e se alimentam de tudo que há em seu caminho.
No entanto, os gafanhotos responsáveis pela Nuvem na América do Sul são da espécie Schistocerca cancellata (Burm, 1850). Esses são considerados migratórios e ao mesmo tempo apresentam hábitos gregários, ou seja, formam bandos e assim formam nuvens para ir atrás de alimento e facilitar a reprodução.
Ainda não se sabe o motivo principal da proliferação desses gafanhotos. Estudos estão sendo realizados a fim de se descobrir. Até onde se sabe, desde de 2015 tem sido observado o aumento da população da espécie do gafanhoto causador da nuvem na América do Sul. Porém, 2020 tem sido o ano onde este fenômeno vem se manifestando significativamente, sendo a África atingida por constantes infestações, e agora os países sul-americanos.
A nuvem de gafanhoto pode parecer novidade para a galera da América do Sul, mas este fenômeno costuma acontecer devido a desequilíbrios ecológicos (desequilíbrios na natureza). Porém, felizmente, ao que tudo indica: ela é passageira.
O desequilíbrio ecológico ocorre devido a diversos fatores, principalmente pela morte dos predadores naturais que se alimentam dos gafanhotos permitindo assim o controle dessa população. Com a falta de predadores e uma condição climática favorável, os gafanhotos conseguem se reproduzir rapidamente, de forma exagerada, e assim vão todos desbravar esse mundão.
Por fim, de acordo com informações da BBC “Estudos mostram que o manejo da terra e a pecuária têm fortes efeitos sobre muitas espécies de gafanhotos, segundo uma análise científica sobre esse assunto, conduzida pela Escola de Sustentabilidade e pela Faculdade de Ciências da Vida da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.”
De onde veio a nuvem de gafanhotos?
Então, a tão famosa nuvem de gafanhoto começou no Paraguai e se dirigiu até a Argentina, onde destruíram lavouras de milho. De acordo com relatos da BBC, o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar (Senasa, na sigla em espanhol, esta é uma agência do governo argentino) no dia 11 de Maio emitiu o primeiro alerta, após ser avisada por autoridades paraguaias que a nuvem se dirigia em direção à fronteira entre os dois países.
No dia 21 de maio a praga entrou na Argentina e logo retornou ao Paraguai e permaneceu por lá por uma semana antes de retornar ao território argentino. Até onde se sabe as províncias argentinas de Santa Fé, Formosa e Chaco foram as mais atingidas até agora.
Quantos quilômetros percorre por dia?
Se os gafanhotos não estiverem em um ambiente favorável, onde haja falta de alimento, clima e condições ruins para reprodução, esses insetos reúnem-se e saem em bando, chegando a percorrer, em média, 150 km por dia.
Os gafanhotos vão matar os humanos?
Apesar que causarem uma grande preocupação em todas as pessoas, não, os gafanhotos não atacam os humanos. Afinal, esses insetos são herbívoros, se alimentam apenas de vegetais. No entanto, afetam negativamente a agricultura, e indiretamente a pecuária, devido ao fato de consumirem os recursos usados nestas atividades. Além disso, podem causar sérios danos à vegetação nativa.
Você sabia que pode haver 40 milhões de gafanhotos em cerca de 1 km²? Esses insetos consomem em um dia o equivalente ao consumo alimentar de 2 mil vacas ou 35 mil pessoas, de acordo com o engenheiro agrônomo argentino Héctor Medina à agência de notícias Reuters.
Esse fenômeno é comum ou já ocorreu no Brasil?
Essa espécie de gafanhoto que forma nuvem é bastante comum na Argentina, Bolívia e Paraguai. A cada dois ou três anos ocorrem fenômenos desse tipo. No Brasil, o movimento dessas nuvens são raras. Relatos indicam que no Rio Grande do Sul já houve ocorrência de nuvens de gafanhotos, formados por outras espécies, nos anos de 1940 e também em 1946. Outros casos foram evidenciados em 1980 e em 2017 no Pará, mas não com a intensidade que observamos na Argentina há alguns dias.
Como controlar?
Esse é um processo da natureza difícil de controlar, não existe um protocolo para eliminar esses invasores. Mas no dia 27/06 a Argentina tentou tomar medidas para o controle desta praga e a tentativa eliminou apenas 15% dos insetos. Outras medidas serão tomadas.
Apesar de todos os esforços, o negócio é esperar que a natureza se auto regule e essa infestação de gafanhoto reduza a ponto de se desfazer. Porém, não quer dizer que não possa voltar a acontecer.
A nuvem de gafanhotos vem para o Brasil?
Ao que tudo indica que não, foi apenas um susto mesmo, mas já passou. Ainda bem né, porque já basta o vírus SARS-CoV-2 (causador da COVID-19), que já não estamos dando conta com tantas mortes, imagine os gafanhotos afetando a produção. Misericórdia.
Então povão, não precisem surtar achando que a nuvem de gafanhoto veio para te devorar. Além disso, talvez essa invasão de gafanhotos nem alcance o Brasil. Mas podem ter certeza que com as mudanças climáticas esses fenômenos podem se tornar mais frequentes e intensos. O maior problema disso tudo seria o prejuízo na economia, uma vez que esses insetos saem comendo tudo que é planta pela frente.
Autora
Isabella Rocha
Bióloga
Mestranda em Bioquímica Clínica
Referências
Nuvem de gafanhotos.
<https://www.bbc.com/portuguese/internacional-53160182> acessado 30 06 2020.
Nuvem de gafanhotos.
<https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/06/27/acao-argentina-contra-nuvem-de-gafanhotos-elimina-apenas-15-dos-insetos.htm> acessado 30 06 2020.
Nuvem de gafanhotos na África
<https://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u33986.shtml> acessado 30 06 2020.
Nuvem de gafanhotos.
<https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/06/25/nuvem-de-gafanhotos-como-e-por-que-se-forma-riscos-agricultura-saude.htm> acessdo 30 06 2020.
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