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Microrganismos Marinhos

Olá, meu caro Povão !!


Hoje iremos falar de algo que todo mundo admira, mas poucos entendem de verdade, o MAAARRR. Mais especificamente dos microrganismos que vivem nele. Vocês já foram a alguma praia e a água estava com espuma ou verde (como caldo-de-cana) e, ao retornarem em outro dia, estava completamente cristalina? Fenômenos sazonais como este citado, ocorrem devido à ação microrganismos marinhos que não podemos enxergar a olho nu. Ficou curioso? Então continue comigo e venha mergulhar nesse mundo que pode ter o tamanho de uma gota d’água.


Quem aqui não conhece a famosa música do Guilherme Arantes – Planeta Água?!?! Ele estava certo. Os oceanos cobrem cerca de 70% da superfície da Terra. Então, se apenas considerarmos a superfície do planeta (ou seja, fingirmos que o núcleo e o manto terrestre não existem), poderíamos facilmente trocar o seu nome de planeta Terra para planeta Água.


Devido a sua grande extensão superficial, os oceanos são considerados o maior ecossistema do planeta. Agora, pensando nas aulas de biologia da escola, vocês agilmente já se lembraram da clássica definição de ecossistema: conjunto de todas as comunidades que vivem em um determinado ambiente e interagem entre si. Lembraram também que todo ecossistema possui um determinado grupo responsável por “inserir” energia na teia trófica (teia alimentar). Nos ambientes terrestres, sabemos que a produção primária é realizada pelas plantas através da fotossíntese. E no oceano?? Vocês sabem como ocorre a produção de energia no meio marinho? No mar essa função é realizada pelas algas.... mas ATENÇÃO, algas não são plantas.


“Alga” é um nome genérico concedido a um grupo de organismos que não possuem um ancestral em comum. Podem ser encontradas em diferentes tamanhos variando de 80 metros (algas “Kelps”) a 0,2 micrometros (sim; 0,0000002 metros). Assim como as plantas, elas também possuem o cloroplasto, a organela que contém os pigmentos responsáveis pela fotossíntese. Além de outras características especiais que não iremos discutir nesse texto. O ponto é: as algas são responsáveis pela base da teia trófica de todos os oceanos e as microalgas representam a maior biomassa desse ambiente.



No início do texto foi citado o exemplo da água verde, este fenômeno que pode até “tirar” parte da beleza de uma praia, porém não é sinônimo de poluição. Essa coloração esverdeada ocorre quando há uma reprodução massiva de fitoplâncton (microalgas), por efeito da entrada atípica de nutrientes na região. Esses nutrientes podem chegar pelos rios, ventos, correntes marinhas ou até mesmo dos nossos esgotos. Tome cuidado, esses afloramentos algais são causados naturalmente, mas podem ser nocivos à saúde. Algumas espécies de microalgas podem produzir toxinas extremamente prejudiciais à saúde em altas concentrações.


E onde não tem luz ?


Calma, Ciência Povão, vocês disseram que as microalgas eram responsáveis por sustentar a base da alimentação na teia trófica dos oceanos, até essa parte tudo bem. Mas, para que o processo de fotossíntese ocorra, é necessário que haja luz. Então, como existe vida no oceano profundo, onde não há luz?


Esta é uma boa reflexão a se fazer. Realmente existem regiões no oceano as quais o espectro de luz não é capaz de alcançar com intensidade o suficiente para a realização de fotossíntese. Em condições como esta, a base da cadeia trófica ainda é composta por microrganismos mas, desta vez, não estamos falando do “grupo” das algas. A produção primária nessas regiões é realizada a partir da quimiossíntese, ou seja, produção de energia a partir de moléculas inorgânicas, sem que haja luz!


E como esses microrganismos chegaram lá?


É uma pergunta que a ciência ainda não sabe responder. Esta é a principal questão que os especialistas da área vem se perguntando. O que se conhece é que os organismos quimiossintéticos não existem apenas no fundo dos oceanos, estando presentes também em regiões rasas e em ambientes continentais. Esses microrganismos fazem parte de uma das primeiras formas de vida na Terra. Em geral os organismos quimiossintéticos costumam ser extremófilos (resistem ou necessitam de condições fora das condições humanas de sobrevivência). Inclusive, são o principal objeto de estudo da astrobiologia pois, se algum dia encontrássemos algum tipo de vida primordial em planetas fora da Terra, esta deveria ter adaptações parecidas com as do microrganismos marinhos.


Gostaram do texto e gostaram desse pequeno apanhado de informações sobre a vida marinha? Comentem e deixem as suas dúvidas. Visitem também o nosso instagram @cienciapovão para interagir com outras publicações.


Autor

Marcos V. Clemente

Graduando em Oceanografia






Referências:


GALANTE, Douglas et al. Astrobiologia: uma ciência emergente. São Paulo: Tikinet Edição, IAG/USP, 2016.


GARRISON, Tom. Fundamentos de oceanografia. Cengage Learning, 2010.


Life Originated in Hydrothermal Vents, New Study Suggests


MADIGAN, Michael T. et al. Microbiologia de Brock-14ª Edição. Artmed Editora, 2016.


ODUM, Eugene P. Fundamentos de ecologia. 1990.








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