top of page
Foto do escritorAdriano Lima

Estratégias de sobrevivência de predadores e presas

Fala, minha gente! Tudo na paz? Sobreviver na natureza é uma tarefa muito difícil. É preciso procurar abrigo, se aquecer, procurar comida, descansar, e ainda por cima procurar um(a) parceiro (a) para acasalar, perpetuando assim a espécie, isso tudo fugindo dos perigos que o cercam (lá não tem pousada, uber e muito menos ifood). Isso requer MUITA energia, atenção e cuidado, de modo que quem tiver estratégias para encarar isso tudo acaba se dando bem nessa brincadeira.


Existem inúmeras estratégias utilizadas pelos seres vivos para sobreviver e otimizar suas buscas por recursos. Não conseguirei abordar todas (na verdade, longe disso), mas vamos falar de algumas usadas principalmente na obtenção de alimentos, e, consequentemente, as contra estratégias usadas para não se tornar o alimento (algumas são usadas para ambas as finalidades). Afinal, na natureza não existe perdão, um ser vivo pode ser predador sob uma perspectiva, mas pode ser presa sob outra. Bora ver?


O olhar do predador


Geralmente, o predador é reconhecido por algumas características, como dentes especializados, membros com garras ou espinhos para agarrar sua presa, anatomia projetada para correr, nadar, escalar, e uma boa visão e audição. Isso tudo o favorece no momento de ir atrás da sua presa, afinal, ele está sempre preocupado com sua energia. Parte dessa energia é gasta na procura e caça de suas presas, e quando capturadas, ele precisa manipulá-las e impedir que escapem. Dessa forma, para que o predador saia com um saldo positivo, a energia que ele ganha com sua presa tem que ser maior que a que ele gasta na sua captura.


Para tanto, os predadores podem exibir duas formas de conseguirem suas presas:

  • Estratégia de Busca Ativa

Na busca ativa, os predadores, individual ou coletivamente, partem para cima, o famoso tudo ou nada (que nem quando você vai pra balada, mas toma vários fora). É mais usadas por predadores de pequeno e médio portes, mas predadores de grande porte podem adotá-la também, como as leoas. Mas olha que interessante, é uma faca de dois gumes: essa estratégia depende do tipo de presa e também de sua quantidade (porque se juntar o montinho contra o predador, ferrou), além disso, não é garantida a captura da presa, logo o gasto energético pode não ser recompensado.


• Vídeo: Guepardo caçando uma lebre ativamente.

  • Estratégia de “Senta e espera”

A estratégia “senta e espera” parece um tanto preguiçosa. É geralmente usada por predadores individuais, e como o nome diz, o predador simplesmente espera sua presa dar o ar da graça para capturá-la. Talvez você pense que essa seja a solução para todos os problemas, afinal, não há gasto de energia indo atrás da presa. Mas essa estratégia também apresenta suas desvantagens, porque não significa simplesmente convidar a presa para tomar um café e pah! Ela requer um gasto energético para procurar o melhor local, montar uma armadilha e ainda esperar a chance da presa passar por lá, já que ela pode simplesmente não passar, deixando o predador com cara de taxo (que nem quando você marca com a cheirosa e ela não vai). Temos como exemplo a aranha-alçapão, tamarutacas, traíras, etc.


Essas são as duas formas utilizadas pelos predadores para terem sucesso na sua busca. Muitos deles, além de usarem essas estratégias, apresentam outras que podem ajudar ainda mais a alcançar o seu objetivo. Vamos falar de algumas dessas estratégias agora, mas focando nas presas, pois elas também as utilizam para sobreviver.


  • O olhar das presas

Se ser predador é difícil, ser presa é pra chorar. Estas não têm um minuto de paz, pois além de precisarem arranjar seu próprio alimento, precisam também ser ninjas para não serem vistas por outros predadores (fora que até na hora do amorzinho gostoso, o bicho pode se dar mal, que nem o Louva-Deus macho). Para isso, as presas geralmente são mais “dramáticas” (com razão), apresentando espinhos pelo corpo, armaduras, uma cor extravagante, substâncias nocivas e até substâncias mal-cheirosas. Vamos ver algumas estratégias:


Camuflagem


Essa talvez seja a estratégia mais conhecida pelo ser humano, pois é usada por nós, por exemplo, em operações militares e fotografia. A camuflagem consiste no animal tornar-se imperceptível no ambiente em que se encontra, misturando-se com ele no meio de folhas, troncos de madeira, solo, etc. Essa estratégia é tanto usada pelas presas para fugirem de perigos iminentes, quanto usada por predadores para conseguirem presas.


• Vídeo: Camuflagem do predador - Louva- Deus se camufla de orquídea.


Mimetismo


O mimetismo é a estratégia da imitação. Basicamente, as espécies tomam a imagem de outras em benefício próprio. Existem alguns tipos de mimetismo que são usados tanto por predadores quanto por presas, mas vamos destacar dois muito interessantes e relacionados à defesa contra a predação:


1. Mimetismo Batesiano

Neste tipo de mimetismo, uma espécie que pode servir de alimento (dizemos ser 'palatável') imita padrões de coloração de outra que não pode servir de alimento (dizemos ser 'impalatável', pode ser venenosa ou peçonhenta, ou seja, de alguma forma é perigosa). O maior exemplo desse mimetismo é a cobra-coral verdadeira e a falsa coral. A falsa coral imita os padrões de coloração da coral-verdadeira (coloração sempre chamativa, falaremos mais a frente), se beneficiando por transmitir a mensagem de que é perigosa também, mesmo não sendo.

2. Mimetismo Mulleriano


Neste tipo de mimetismo, espécies diferentes que não podem servir de alimento (‘impalatáveis’) adotam padrões de coloração corporal semelhantes entre si e reforçam aos predadores que esse padrão é perigoso para eles. Um ótimo exemplo são o das borboletas flor-da-paixão, um conjunto de espécies de borboleta do gênero Heliconius, conhecidas por esse nome.


Aposematismo ou coloração de advertência


Esta estratégia também é bastante interessante. Consiste na apresentação de cores bem extravagantes para mostrar que o indivíduo é perigoso, geralmente pela presença de veneno. Mas como assim apresentar cores? Meu amigo, se você estiver num local e acender uma luz vermelha piscante, na certa que no mínimo você ficará preocupado. Essa coloração é um aviso aos predadores de que se mexer com eles é caixão!


A coloração de advertência é bastante utilizada em anfíbios, principalmente sapos, rãs e pererecas. Muitas possuem coloração preta com laranja, amarelo, roxo, vermelho, azuis e por aí vai. A própria cobra coral, tanto a verdadeira quanto a falsa, utilizam desse artifício.


Tanatose e autotomia


Aqui temos duas estratégias defensivas usadas pelas presas para escapar de seus predadores.


A tanatose é o comportamento de se fingir de morto. Pode parecer uma atitude bem ridícula e desesperada, mas a tanatose realmente faz o indivíduo parecer morto, alguns demonstram rigidez muscular ou total relaxamento deles, além de não responderem a estímulos externos e reduzirem muito seu metabolismo. E por que isso seria uma estratégia defensiva, já que praticamente ele se entregou ao predador? Bem, existem casos em que o predador depende do movimento e da percepção da temperatura corporal de suas presas para darem o bote, o que dificulta o ataque pelo predador. Além disso, alguns predadores não costumam comer o que não foi abatido por eles, logo, a tanatose acaba dando a impressão de que a presa seja impalatável, pelo estado em que se encontra. (Você zoa, mas eu sei que você já tentou um certo tipo de tanatose na sua vida, quando estava prestes a apanhar da mãe e fingiu estar dormindo).


• Vídeo: Ratinho thug life.

A autotomia é aquela estratégia usada pelas lagartixas quando você corre atrás delas, e elas simplesmente soltam um pedaço da cauda e riem da tua cara. Esse comportamento é usado por muitos lagartos e serpentes, servindo de distração para o predador enquanto a presa foge. Existem algumas variações nessa estratégia, como a perda de membros de locomoção (perder um ‘braço’ ou uma ‘perna’), como usado, por exemplo, por caranguejos. Mas não se preocupe, eles crescem novamente.


Defesas Químicas e mecânicas


Estas são defesas que ajudam muito a manter predadores bem longe. Trata-se da utilização de espinhos pelo corpo, pêlos urticantes, escudos dérmicos (pele grossa com placas rígidas), substâncias abrasivas e malcheirosas. Espinhos, pêlos urticantes e substâncias abrasivas geralmente são mais usadas por organismos sésseis, isto é, que não se locomovem, como o caso de plantas e anêmonas, mas muitos animais podem apresentar essas especializações para defesa, como lagartas, porco-espinho, pangolim, etc.


Existe também o lançamento de substâncias repugnantes, que causam mau cheiro, como aquele cheirinho gostoso liberado por percevejos e opiliões. Alguns animais extrapolam o limite do nojento e utilizam suas fezes ou até mesmo seu vômito, como é o caso de alguns filhotes de abutres, para afastar visitas indesejadas. (Talvez os bebês utilizem dessas técnicas).


Vale salientar que alguns animais usam esses mecanismos para capturar presas, como as caravelas e hidras. Além disso, animais peçonhentos utilizam seu veneno para capturar a presa;algumas serpentes conseguem “cuspir” seu veneno para espantar possíveis predadores.


• Vídeo: besouro-bombardeiro lança substância abrasiva para se defender.

Beleza, minha gente? Essas foram algumas defesas utilizadas na natureza. Existem inúmeras outras que não mencionamos aqui, além das muitas interações, positivas e negativas, entre os seres vivos e o meio em que vivem que ditam o ritmo da vida selvagem. A natureza é bela!


É isso! Grande abraço e ótimo dia a vocês!


Autor

Membro do ciência povão

Biólogo Adriano Lima


Referências



Gostaram? Continuem com a gente, pois estaremos sempre trazendo novidades para vocês. Nos sigam no instagram @cienciapovao. Aproveitem e compartilhem com amigos e familiares.


680 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page