Fala povão lindo e maravilhoso! Estão se cuidando, usando máscara, álcool gel e, principalmente, evitando aglomerações desnecessárias? Esperamos que sim, pois a pandemia NÃO ACABOU!
Bom, com quase toda certeza, eu chutaria que uns 99.746% (sempre muito bem preciso nos meus cálculos com a fonte: minha mente) das pessoas já ouviu falar sobre doação de sangue, através de um comercial, uma reportagem, um professor que falou nisso, um parente ou amigo que comentaram que são doadores.
Vamos ver um pouco mais sobre isso?
O que é doar sangue?
A doação de sangue é o processo no qual um doador cede uma pequena quantidade de seu sangue para que seja transferido para outra pessoa em prol do benefício e da conservação da vida, ou para compor os estoque de sangue para uso mais tardio. É um gesto voluntário de solidariedade e empatia que demonstra preocupação com seu semelhante.
Este ato pode salvar vidas, sobretudo de pacientes que sofreram acidentes graves que tiveram hemorragia. O sangue é utilizado em procedimentos cirúrgicos, urgentes ou não, assim como também pode ser usado no tratamento de doenças crônicas como a Anemia Falciforme (hemácias, os glóbulos vermelhos do sangue, adquirem formato semi-lunar, tipo uma foice, o que dificulta o transporte de oxigênio) e a Talassemia (também conhecida como “anemia do Mediterrâneo”, é uma condição onde existe deficiência na produção da molécula envolvida no transporte de oxigênio), proporcionando melhor qualidade de vida e permitindo que seus portadores vivam por mais tempo.
O brasileiro não tem a cultura de realizar doações de sangue frequentemente. Mesmo que algumas pessoas sigam essa prática, e outras façam em determinadas datas, no Brasil temos em média 16 doadores em cada mil pessoas.
Como é doar sangue?
A doação de sangue é um processo bem rápido, que não dura mais que 10 minutos. É totalmente seguro e controlado, como mencionado anteriormente, e a quantidade de sangue coletadas é variável, mas nada que possa te comprometer. Existem 3 maneiras de doação de sangue:
. Doação de sangue total: é a doação usual. São coletados 450mL de sangue em uma bolsa com materiais que preservam o sangue.
“CiênciaPovão, 450mL DE SANGUE? ISSO NÃO É MUITO?!”
- Não, 450mL não chegam nem perto dos aproximadamente 5L que temos, e no mesmo dia eles são repostos.
. Doação de sangue por aférese: é uma doação que pode ser mais específica, pois pode-se coletar um componente específico do sangue. Utiliza-se uma máquina que coleta e separa o sangue através de centrifugação (o aparelho realiza movimentos rotativos acelerados, separando os componentes sanguíneos por massa), permitindo assim, selecionar os elementos desejados, como o plasma, plaquetas, glóbulos vermelhos e glóbulos brancos.
. Doação de sangue autóloga: Este é o tipo de doação que “você presenteia você mesmo”. Consiste na coleta do seu sangue algum tempo antes de um procedimento cirúrgico. Esse procedimento tem a vantagem a redução do risco de contaminações durante a transfusão , visto que é o seu próprio sangue.
Mas, voltemos a doação usual...
O procedimento todo passa por 4 etapas:
1. Cadastro: a pessoa com intenção de se tornar doador se identifica com documentos oficiais (identidade, CNH etc) e preenche um questionário de cunho avaliativo, que procura saber se o paciente possui alguma doença ou esteja em alguma situação que o impeça de doar o sangue;
2. Triagem: a pessoa é submetida a uma entrevista e exames clínicos. Esta parte é extremamente importante, pois é feita em privacidade e com sigilo de informações. O doador deve ser transparente nas respostas que deu no questionário, tanto para garantir a segurança de quem vai receber seu sangue quanto para ele mesmo;
3. Etapa de coleta sanguínea: o sangue é coletado em um processo bem rápido, com materiais que foram esterilizados e que serão descartados após o término, garantindo a segurança contra doenças que podem ser transmitidas pelo sangue na agulha;
4. Lanche: no final você recebe um lanche legal, para repor suas energias e ficar de boa.
Você também recebe algumas instruções de cuidados a se tomar pós-procedimento, sendo alguns deles:
. não fumar por 2 horas;
. não consumir álcool por até 12 horas;
. evitar esforços físicos;
. dentre outros.
Qualquer pessoa pode doar?
Existem alguns requisitos e restrições para que a pessoa possa doar sangue. Alguns dos requisitos que a pessoa deve ter é: ter idade entre 16 e 69 anos, ter documento de identificação (os jovens menores de 18 devem ter a autorização dos responsáveis legais), estar bem de saúde, pesar, no mínimo, 50 kg, e não estar em jejum.
Quanto às restrições podemos separá-las em restrições temporárias e restrições definitivas. Vamos citar aqui algumas das restrições para cada modalidade*:
*Para maiores informações, consulte o site do ministério da saúde: http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/doacao-de-sangue *
Caso você não saiba seu tipo sanguíneo, não tem problema, pois o sangue coletado é submetido à exames laboratoriais para identificação do tipo sanguíneo. Contudo, é muito importante que você não só saiba qual é o seu tipo sanguíneo, como também tenha sempre consigo um documento com essa informação, pois nunca se sabe quando você precisará de socorro urgente, então ande precavido.
Outro ponto importante para abordarmos é o preconceito. Pessoas homossexuais, principalmente homens, sofrem discriminação quando se voluntariam a doar sangue. Esse tabu está intimamente ligado a um pensamento ultrapassado, que surgiu das décadas de 80 e 90, que ligava a pessoa gay ao vírus HIV. Nessa época, surgiu o pensamento de que homossexual era sinônimo de AIDS. Com o passar do tempo, estudos apontaram que a circulação do vírus HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) estava correlacionada ao descuido das pessoas ao praticarem relações sexuais desprotegidas. Então, não existe lugar para este ou qualquer outro tipo de preconceito, inclusive, no dia 8 de maio de 2020 o STF derrubou a restrição que proibia homossexuais a doarem sangue. Apesar disso representar uma grande vitória contra uma batalha que já dura anos, as pessoas ainda resistem com este preconceito e, por isso, é fundamental o papel da educação social para combater e erradicar qualquer discriminação.
E é bom deixar claro que a doação de sangue NÃO É UM MEIO PARA IDENTIFICAÇÃO DE AIDS. Tanto o vírus HIV (que pode causar AIDS) quanto outros agentes infecciosos, uma vez dentro do organismo, passam por um período chamado de “janela imunológica”, no qual os testes laboratoriais NÃO CONSEGUEM IDENTIFICÁ-LOS, tornando-se uma ameaça para doação de sangue. Então, é importante que em caso de vida sexual ativa, você realize constantemente exames de sangue para a identificação de qualquer IST. Cuide-se!
Como faço para doar?
Você que deseja se tornar voluntário e praticar esse gesto altruísta, basta procurar uma unidade de coleta sanguínea (hemocentro). O intervalo para doações regulares de sangue são de 2 em 2 meses (no máximo 4 vezes no ano) para homens, e de 3 em 3 meses (no máximo 3 vezes no ano) para mulheres.
*Para descobrir onde há um hemocentro próximo de você, acesse o link http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/doacao-de-sangue e vá até a aba “onde doar sangue”*
Essa prática é essencial porque os estoques de sangue no Brasil estão em níveis baixos, sobretudo os tipos sanguíneos mais raros, como o O negativo. Para termos uma pequena noção, dados da fundação ProSangue do Estado de São Paulo mostram que, exceto os tipos sanguíneos AB positivo e negativo, todos os outros estão em níveis críticos, sendo que o tipo A positivo está em alerta (quase chegando ao crítico).
Pandemia e doação de sangue
É inegável que ainda estamos vivenciando momentos críticos e preocupantes de pandemia do novo coronavírus. Entretanto, a necessidade de utilização de sangue é diária e contínua, e como os estoques já andavam cambaleando, com a pandemia a situação piorou. Por isso, se a doação de sangue já era importante antes, agora se tornou ainda mais necessária.
Os hemocentros estão preparados para realizar esse trabalho mesmo nesse período. Fora os procedimentos higiênicos padrões, agora eles adotaram e intensificaram a higienização do local de coleta, limpando as superfícies e evitando aglomerações. Doar sangue não dói, seu braço não cai e nem você cairá duro no chão, então, se você se sente bem, não está com nenhum sintoma e já tiver feito algum teste para detecção do novo coronavírus, seja solidário. Um gesto seu pode salvar várias vidas!
Fechou, minha gente? É isso!
Grande abraço do tio, até a próxima!
Autor
Adriano Lima
Graduado em Ciências Biológicas - Licenciatura
Referências
Ministério da Saúde – Doação de sangue não pode parar com a pandemia, orienta Ministério da saúde. Disponível em: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46611-doacao-de-sangue-nao-pode-parar-com-pandemia-orienta-ministerio-da-saude. Acesso em 06/09/2020
Ministério da Saúde – Doação de sangue: como doar, quem pode doar, impedimentos. Disponível em: http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/doacao-de-sangue. Acesso em: 06/09/2020
Hemocentro RP – Doação por Aférese. Disponível em: http://www.hemocentro.fmrp.usp.br/canal-do-doador/doacao-por-aferese/. Acesso em: 06/09/2020
ProSangue – Hemocentro de São Paulo: Disponível em: http://www.prosangue.sp.gov.br/home/Default.html. Acesso em: 07/09/2020
GYURICZA, J. V. Doação de sangue por homens gays: o fim de uma proibição preconceituosa. Disponível em: https://saude.abril.com.br/blog/com-a-palavra/doacao-de-sangue-por-homens-gays-o-fim-de-uma-proibicao-preconceituosa/. Acesso em: 07/08/2020
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