Faaaaala minha gente! Como estão? Tranquilos? Hoje o CiênciaPovão acordou filosófico, questionando os detalhes da vida, olhando pro nada e pensando em tudo: estou vivo ou apenas respirando? Ou estou respirando porque estou vivo? Ou vice-versa? E, afinal, de onde vem o oxigênio que respiramos?
Mas o que é respirar?
Antes de tudo é bom entender que o ar atmosférico é uma mistura de gases, que é composto por nitrogênio em maior quantidade (78% da composição), seguido do oxigênio (21%) e por fim outros gases menos abundantes. É interessante pensar que quando inspiramos o ar para os pulmões, ele vem assim, todo misturado, e quando expiramos o ar dos pulmões ele sai rico em dióxido de carbono (CO2). Este processo de inspiração e expiração do ar é chamado de ventilação.
Ora, mas se isso é ventilação, o que seria respiração?
Bem, respiração está relacionada ao metabolismo, à química que acontece em nós, e ela serve principalmente para produzirmos energia química, mas também produzimos dióxido de carbono (CO2), que jogamos fora. No caminho desta produção de energia é necessário que no final tenha algum elemento químico que finalize o processo, que decrete finalizada a respiração (no caso, este elemento é o último a receber elétrons neste processo produção de energia). No caso de nós, seres humanos (e de outros seres vivos também), quando inspiramos o ar atmosférico usamos o oxigênio como este elemento “finalizador”, então, podemos dizer que respiramos oxigênio. Maneiro né?
A pergunta que não quer calar: de onde vem esse oxigênio?
Para pra pensar: se eu pego o oxigênio, uso pra respirar, e devolvo apenas CO2, poderíamos deduzir que em algum momento o oxigênio acabaria... somos bilhões de seres humanos, fora outros seres vivos que fazem uso dele. Bom, estaríamos destinados a esta morte cruel que não fossem pelos seres vivos que produzem oxigênio.
Estes seres vivos são organismos fotossintetizantes, que realizam um processo contrário ao da respiração: a fotossíntese. A fotossíntese usa energia luminosa juntamente com a água, sais minerais e o dióxido de carbono, para no final produzir energia química, matéria orgânica (uns açucares para adoçar a vida) e o oxigênio, que é devolvido para atmosfera. Então, nós podemos perceber que existe um ciclo do oxigênio, onde num momento ele usado e no outro ele é devolvido.
E olha só que louco...este oxigênio que é devolvido para atmosfera é originado da quebra da molécula de água. É exatamente isto que você leu, jovem gafanhoto. A energia da luz usada na fotossíntese serve para desmembrar a coitada da água.
Quem são os representantes desta maravilha que é a fotossíntese?
Bom, meu povão, quando falamos de fotossíntese é quase instantâneo lembrarmos delas: as plantas (titia e vovó adoram, né verdade?). Mas temos alguns outros representantes, como as algas e algumas bactérias. Era normal dizermos que a Amazônia era o pulmão do mundo, mas na verdade são os ambientes aquáticos, principalmente os oceanos.
Que história é essa, CienciaPovão??!
Bom galera, primeiramente temos que ter em mente que plantas (e outros organismos que fazem fotossíntese) também respiram! Elas também precisam de oxigênio para consumo próprio, principalmente a noite em que etapas do processo de fotossíntese não podem ocorrer por falta de luz, então a noite é o momento em que elas mais respiram. Mas quando existe luz elas podem realizar sua fotossíntese até que consiga suprir sua demanda de oxigênio, porque ela não vai mais estar gastando sem ter retorno, pois ela já vai estar produzindo o próprio oxigênio que for consumir, e o que sobrar vai para atmosfera. É como se você abrisse um negócio: você gasta dinheiro num primeiro momento para abri-lo, durante algum tempo você trabalha para ganhar dinheiro e “recuperar” a grana que gastou para abrir este negócio, e o que vier de dinheiro depois disso, teoricamente, é lucro (claro, abrir um negócio envolve muito mais que isso, é apenas um exemplo). Uma planta de pequeno porte consegue realizar a fotossíntese e suprir sua demanda de oxigênio de maneira tranquila.
Agora, imagina a floresta amazônica...uma floresta enorme, que abrange quase 50% do território brasileiro, repleta por enormes árvores de grande porte e outras milhares de plantas, e outros seres vivos que respiram. Mesmo sendo uma grande área verde que realiza muita fotossíntese, é uma mesma área verde que precisa respirar muito para manter sua demanda de oxigênio (fora os milhares de seres vivos que também usam este oxigênio), de modo que não sobram grandes quantidades de oxigênio que vão para atmosfera.
Por outro lado, nos ambientes aquáticos temos tanto algas macroscópicas (que podemos ver a olho nu) quanto seres microscópicos (observáveis somente com microscópio), denominado fitoplâncton, que realizam fotossíntese. O fitoplâncton é composto basicamente por microalgas e bactérias e se espalham por todos os ambientes aquáticos, inclusive por todos os oceanos.
Levando em consideração que a maior parte da superfície do planeta (cerca de dois terços) é coberta por oceanos, e que estes organismos são tão pequenos que demandam pouco oxigênio para se manterem, a fotossíntese que ocorre nestes ambientes LIBERA MUITO OXIGÊNIO. Pois é...estamos sendo mantidos vivos, e respirando, principalmente por seres microscópicos, meu amigos. Já agradeceu ao fitoplâncton hoje?
Fonte: Sociedade Brasileira de Microbiologia
CiênciaPovão, então a Amazônia não serve de nada?
Servem sim, meu povo! Inclusive é essencial para o planeta. Mesmo não tendo protagonismo na produção de oxigênio, ela desempenha um importante papel ecológico por ser o lar de inúmeras espécies de plantas e animais, que podem ser estudadas e talvez descobrirem nelas princípios ativos no combate a doenças, a floresta amazônica é o lar de muitas comunidades indígenas, sendo então um local que guarda cultura e história. Além disso, a floresta é essencial na manutenção do clima global, por regular a temperatura e propor chuvas a regiões que poderiam sofrer desertificação caso ela não existisse. Preservá-la é uma tarefa obrigatória para nós humanos, ela pode não ser um pulmão pro mundo, mas é quase um coração.
É isso minha gente, grande abraço e ótima semana!
Autor: Adriano Lima
Graduado em Ciências Biológicas
Equipe CiênciaPovão
Fontes:
Fonte 1 - Campbell, N.A.; Reece, J.B.; Urry, L.A.; Cain, M.L.; Wasserman, S.A.; Minorsky, P.V. & Jackson, R.B. 2010. Biologia. 8a. ed. Artmed, Porto Alegre, pag 1233-1236
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