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COVID-19: a doença que ainda não tem cura

Olá povão! Hoje, quarta feira, viemos falar de uma coisa muito importante: COVID-19. Ela tem assombrado não só o mundo, mas principalmente o Brasil. E se vocês acham que só porque pegou o vírus SARS-CoV-2 estão imunes, segura essa bomba que viemos trazer a vocês.


Primeiro vamos relembrar, quais são os tipos de infectados do coronavírus?


O SARS-CoV-2 é o vírus que causa a COVID-19. Ao entrarmos em contato com esse vírus ficamos infectados, porém podemos ou não ficar doentes. Como assim ciência povão? Então, existem três tipos de infectados:


Os sintomáticos, que são popularmente chamamos de doentes, ou seja pessoas que apresentam os sintomas da doença.


Os assintomáticos, que estão infectados pelo coronavírus, porém não apresentam os sintomas.


E o pré-sintomático, que estão infectados pelo coronavírus, não apresentam sintomas hoje, porém irão apresentar entre 7-15 dias após o contato com o vírus.

Imagem 1. Representação de indivíduos sintomático, assintomático e pré-sintomático.


Recentemente a OMS (Organização Mundial da Saúde), fez uma declaração dizendo que a transmissão de assintomáticos é rara, o que causou muitas dúvidas em relação às políticas de isolamento. Vamos entender essa história.


Gráfico 1 (adaptado). Porcentagem de transmissão do vírus SARS-CoV-2 em sintomáticos, pré-sintomáticos, assintomáticos e supercífices.


No entanto, atualmente não é possível diferenciar os pacientes assintomáticos dos pré-sintomáticos, e estes representam de 10 a 40% dos casos de COVID-19.


Para saber melhor sobre o assunto, leiam a matéria: “Pessoas Assintomáticas transmitem SARS-CoV-2?”



Se peguei a COVID-19 não pego mais?


Ao entrar em contato com microorganismos que causam doenças (também chamados de patógenos), como o novo coronavírus, nosso corpo se defende através da ativação do nosso sistema imunológico. Um tipo de defesa produzida por esse sistema são proteínas chamadas de anticorpos, que atuam como “soldados”, se ligando a esses patógenos e levando a sua morte. Sabendo disso, vocês concordam que esses “soldados” que circulam pelo nosso corpo tem um papel fundamental para determinar se ficamos doentes ou não?


O que parece acontecer no caso da COVID-19 é que esses “soldados” não ficam tanto tempo disponíveis na nossa circulação. Essa semana foi publicado um estudo em que foi visto que há uma redução na quantidade desses “soldados” 2-3 meses após a infecção.

Gráfico 2. Gráfico representativo da quantidade de anticorpos produzidos no organismos após infecção.


Além disso, foi visto que pacientes assintomáticos carreiam os vírus por mais tempo (15-26 dias) e que produzem menos desses “soldados”. OBS: Vale ressaltar que, apesar de carrearem por mais tempo, ainda não se sabe se esses vírus são infectivos. Uma coisa é ter o vírus, outra é se ele é capaz de infectar!


Esse conjunto de resultados indicam o risco de usar a frase: “Se eu já peguei COVID-19, estou livre!”. Infelizmente, pode não ser assim.


Mais estudos são necessários para saber, de fato, qual o tempo de duração que esses “soldados” ficam disponíveis para combater o SARS-CoV-2. A ciência infelizmente não trabalha na mesma velocidade que a nossa ansiedade. Não tivemos tempo suficiente para conhecer esse novo vírus e essa doença.


Enquanto isso, atingimos números assustadores...


Vocês sabiam que o Brasil se tornou o segundo país no mundo com maior número de infectados e mortes?


Bom povão, não é novidade que o nosso governo claramente não consegue criar medidas efetivas para ajudar a população a sobreviver a esta pandemia. Infelizmente alcançamos no ranking mundial de casos e morte da COVID-19 o segundo lugar com a taxa de 1 milhão 152 mil e 066 casos de pessoas infectadas, 52.788 óbitos e 613,345 pessoas recuperadas. (Dados 24/06/2020 ás 08:39 hrs)


E quanto de morte por dia o Brasil tem registrado? Depende do dia, mas só no dia 23/06/2020 vieram a óbito 1364 brasileiros! Sendo assim, o Brasil é considerado o país ,que na maioria das vezes, apresenta o maior número de mortes diárias causada pela COVID-19.


Vocês ainda se lembram como o mundo chorou com a quantidade de mortos na Itália? Agora que passamos a Itália, porque a maior parte da população está ignorando a morte de milhares que compõem o nosso povo brasileiro? Porque muitos não tem pena das mortes que estão destruindo famílias por causa da negligência governamental e parte da população brasileira (despreocupada)?


O mais chocante disto tudo é saber que várias pessoas estão se aglomerando nos bares aos fins de semana, indo à praia, shopping, manifestações, fazem festas, ou seja, aglomerações em diversos lugares. Vale ressaltar que a máscara não funciona sozinha, temos que seguir as outras medidas como: lavar as mãos com frequência (com sabão ou álcool gel), praticar o distanciamento social (2 m de distância entre as pessoas) e quem puder fazer o isolamento social.



Indícios que o Brasil tem mais infectados do que o estimado


Com a falta de planejamento do Ministério da Saúde e recursos nas unidades de saúde brasileiras, provavelmente a taxa de infectados pelo vírus SARS-CoV-2 e o número de óbitos no nosso país seja muito maior do que estão sendo apresentados.


Por que Ciência Povão? Porque no Brasil não tem sido realizado testes da COVID-19 para toda a população brasileira e os testes são limitados por unidade de Saúde. Então já nos foi relatado que algumas pessoas que apresentavam todos os sintomas da COVID-19, que foram as unidades de saúde de suas cidades, não fizeram o teste porque não tinha material para fazer o teste ou porque o teste tinha acabado. Oi? Não tem como fazer o teste? Pois é, isso é algo frequente em muitas cidades brasileiras. Agora imaginem aquelas que são de difícil acesso e não possui unidade de saúde. Isso acontece principalmente nas unidades de saúde periféricas, que são um povo esquecido e só são lembrados no período das eleições.


O Brasil possui 212.525,202 habitantes e foram feitos apenas 2.510,717 testes, ou seja, no máximo só 1,18% da população total foi testada para a COVID-19.


As favelas têm a maior taxa de contrair a COVID-19


Já em 18/03/2020, a BBC havia mencionado que as favelas seriam as grandes vítimas do vírus SARS-COV-2 no Brasil. Por que será? Bom gente, sabemos que o Brasil é caracterizado pela sua desigualdade social. As pessoas que tem uma condição melhor obviamente vivem em um ambiente menos aglomerado e conseguem mais facilmente fazer o isolamento social.


E as favelas? As favelas são compostas de pessoas humildes e além disso, muitas informações sobre proteção pessoal contra a COVID-19 não chega de forma clara. As casas geralmente são muito próximas umas das outras e em alguns casos moram no mesmo espaço 10 pessoas de diferentes idades, compartilhando os poucos cômodos. Além desse fator temos problemas com canalização, falta frequente de água, falta de recurso financeiro para se manter no isolamento, sendo estes obrigados a trabalhar, caso contrário perdem o emprego. Ser pobre é ser sobrevivente!


Então, minha gente, a favela e a zona sul tem o seu forte e desigual contraste. Afinal, se refletirmos um pouco, o vírus foi importado do rico para o pobre e agora o vírus está cada vez mais se alastrando para os bairros mais carente onde a doença é mais difícil de controlar. No Leblon (Rio de Janeiro), por exemplo, apenas 2,4% dos casos resultaram em morte. Em Irajá ( Rio de Janeiro), a taxa de mortalidade está em torno 16% e na Brasilândia (São Paulo), encontra-se em torno de 52%. Esses são dados relatados pela UOL no dia 01/05/2020, imaginem agora e considerando também a taxa de mortalidade das outras favelas?


O vírus apesar de ser democrático, atinge todo o mundo, parece ser bem seletivo no Brasil, porque a maioria das infecções e mortes estão claramente associadas ao pobre, refletindo em uma questão de desigualdade social.


Assim, além de todos os problemas de planejamento de saúde, temos um problema difícil de resolver nas comunidades carentes que precisam ter atenção governamental, pois as pessoas que compõem essa comunidade também são pessoas de bem!


Então Povão, apesar do nosso Brasil ser lindo e ser composto por uma diversidade inigualável, estamos vivendo em um momento de crise política grave e uma crise de amor com o nosso próprio povo brasileiro. Sabemos que está difícil para todos mas enquanto não houver vacina ou tratamento eficazes, o nosso único meio de sobreviver a esse vírus invisível é seguir as recomendações que estamos sempre lembrando:


  1. Usem máscaras quando saírem de casa;

  2. Lavem as mãos com frequência, seja com água e sabão ou álcool 70%;

  3. Quando chegar em casa deixe os sapatos na porta e vá direto lavar as mãos;

  4. Ponham a roupa para lavar quando chegar em casa;

  5. Lavem as suas compras com água e sabão ou água e cloro;

  6. Mantenham o distanciamento social (2 metros de cada pessoa);

  7. Quem puder e tiver condições fazer o isolamento social.


Então Povão, levem a pandemia a sério, porque ela não é mentirosa, ela existe de verdade. Todas as vezes que vocês esquecerem, lembrem-se que 51 mil brasileiros encontram-se neste momento debaixo da terra por causa desta doença. E nos próximos minutos, mais brasileiros estarão, infelizmente!



Referências

7) Ferreti, L. et al 2020. Quantifying SARS-CoV-2 transmission suggests epidemic control with digital contact tracing. Science

8) Gandhi et al. 2020 Assymptomatic transmission, the Achilles’ heel of current strategie to control Covid-19. The new England Journal of Medicine

9) He et al. 2020 Temporal dynamics in viral shedding and transmissibility of COVID-19. Nature Medicine

10) Long, Q., Tang, X., Shi, Q. et al. Clinical and immunological assessment of asymptomatic SARS-CoV-2 infections. Nat Med (2020).



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