E aí meu povo guerreiro, tudo numa boa? Recentemente tivemos a triste notícia da passagem de um ciclone na região sul do Brasil que causou grandes estragos e vitimou 13 pessoas. Felizmente o chamado “Ciclone Bomba” se afastou da costa brasileira e seguiu para o oceano Atlântico. Porém, as autoridades já anunciaram o alerta para a possível passagem de outro ciclone, mais fraco, mas também com potencial para gerar estragos.
Com base nisso, a gente pode levantar algumas questões relacionadas a esses fenômenos naturais. Por exemplo, as ondas nas praias acontecem o tempo todo, mas como que “de repente” surgir um tsunami? Da mesma forma, podemos sentir aquela brisa no fim de tarde, mas como e por que surgem ventos devastadores como os ciclones?
Antes de tudo, vamos desde o início
Para começar, é preciso saber que a atmosfera é composta por uma mistura de gases, principalmente nitrogênio e oxigênio, e estes gases, ocupam um espaço e também têm massa.
Vamos lembrar do conceito de pressão, lá da Física. A pressão é determinada pela relação entre uma força aplicada em uma determinada área, seguindo a seguinte fórmula:
Pressão =Força /Área
Qualquer força pode exercer uma pressão, por exemplo, a força Peso. Antes de mais nada é preciso termos em mente que Massa e Peso são coisas diferentes. Massa é a quantidade de matéria que compõem um corpo, por outro lado, peso é uma força que atua em um objeto devido ação da gravidade. Sendo assim, o peso é uma força (quando você sobe na balança, calcula-se a sua massa, não o peso), que é resultado da multiplicação da massa com a gravidade da Terra (aproximadamente 10 m/s2). Logo, um ser humano de massa 70kg exercerá uma força peso de 700N (N = Newton, unidade de força). Por sua vez, esse peso aplicado ao chão, exercerá também uma pressão no local. No caso, a pressão será variável de acordo com o tamanho da área que ela está em cima. Por exemplo, sabe quando aqueles artistas de rua deitam em uma cama de prego? Pois é, eles conseguem suportar a dor porque o peso está distribuído em uma área grande, e por isso a pressão é baixa. Em contrapartida, em momento algum ele se arrisca a deitar em um prego avulso, pois a pressão é alta, e consequentemente ele será furado com facilidade.
O que é Pressão atmosférica e o que a influencia?
Agora que entendemos o conceito de pressão, podemos aplicá-lo ao mundo a nossa volta, dando nomes a ela. Basta dar o nome com base no que está recebendo ou aplicando a força. Por exemplo:
A pressão que o sangue faz nas paredes das artérias: pressão arterial;
Se você empurra sua testa com sua mão: pressão “testal” (não que exista esse nome);
A pressão exercida pela massa de ar da atmosfera: pressão atmosférica.
Como mencionamos antes, o ar da atmosfera tem massa, logo sofre os efeitos da gravidade, gerando um peso. Este peso, por sua vez, ao ser aplicado em uma área, gera uma pressão, no caso, a pressão causada pela atmosfera ou pressão atmosférica para os íntimos.
Existem algumas coisas que podem influenciar a pressão atmosférica, porém vamos focar em uma: a temperatura. A temperatura é uma forma de expressar o grau de agitação das moléculas, quanto mais quente, maior será o movimento delas. Essa diferença na temperatura influencia o espaço que esse ar ocupa, e também o peso que ele terá:
Ar quente → maior agitação → moléculas mais espaçadas → sua densidade diminui (fica “mais leve”)
Ar frio → menor agitação → moléculas mais juntas → densidade aumenta (“mais pesado”)
Sendo assim, podemos concluir que o ar frio tende a descer por ser mais pesado e o ar quente tende a subir. Quer verificar isso? Basta abrir um freezer de geladeira e você perceberá que em alguns segundos sentirá frio nos pés, ou então, quando estiver numa cozinha com bocas de fogão ligadas e forno aceso, levante sua mão o mais alto que puder e você sentirá mais calor lá em cima.
Isso está diretamente ligado à formação de ciclones.
Como um ciclone se forma?
Ciclones são tempestades formadas em centros de baixa pressão (no hemisfério sul), onde os ventos convergem (se agrupam) de forma circular (giram). Mas como assim?
Um centro de baixa pressão atmosférica é uma massa de ar atmosférico é uma área que apresenta uma pressão muito menor se comparada com regiões ao entorno. Por isso a temperatura está intimamente relacionada à formação do ciclone, uma vez que quanto mais quente o ar, menos denso ele será e, por sua vez, a pressão será menor. Do mesmo modo, o ar frio caracteriza um centro de alta pressão.
Os ciclones geralmente são formados nos oceanos. O ar atmosférico próximo ao mar é aquecido pelo Sol e também pela temperatura da água, ao mesmo tempo que é umedecido pela evaporação da água, criando nuvens de tempestades. As nuvens se unem e formam um centro de baixa pressão, que por serem menos densas, sobem em movimento circular atraindo mais ar.
Quando as nuvens chegam bem alto, elas esfriam (perdem calor) e a água precipita (começa a chover). Acontece que o ar frio é mais denso e tende a descer (ou por dentro ou por fora), também em movimento circulatório, dando mais força ao fenômeno. As diferenças de densidade impedem que as massas de ar se misturarem, o que poderia impedir a formação do ciclone. O resultado são ventos rotacionais de força extraordinária que realçam a insignificância humana frente à força da natureza.
Afinal é ciclone, tornado, tufão ou furacão?
Bom, essa é uma parte que pode gerar grande confusão, mas relaxa que a gente te explica.
Todos os fenômenos são tempestades tropicais. Na meteorologia, o termo ciclone é o termo genérico para identificar qualquer um deles, logo, tornado, tufão e furacão são tipos de ciclones, que no caso são classificados por apresentarem diferentes intensidades e locais de origem.
Já matamos um dos nomes, e os outros três?
O Furacão e Tufão são o mesmo fenômeno, porém em locais diferentes. Quando ocorre no leste do Oceano Pacífico e no Oceano Atlântico, ele é denominado furacão, agora se ocorrer no oeste do Oceano Pacífico e no Oceano Índico, é denominado tufão. São tempestades com ventos acima de 119 km/h e podem durar dias.
O Tornado é menor em diâmetro e dura pouco tempo (menos de uma hora), porém, são formados em terra e sua intensidade é muito alta, ultrapassando com facilidade a intensidade de um furacão/tufão por apresentar ventos que podem ultrapassar 400 km/h, ou seja, são muito mais destrutivos.
Bom, é isso minha gente. Espero que tenham gostado e cuidado com o Tufão! Hahaha
Autor
Adriano Lima
Biólogo
Referências
Garrison, Tom. Circulação atmosférica. In: GARRISON, T. Fundamentos de oceanografia: tradução da 4ª edição norte-americana. 4ed. CENGAGE learning. 2010
PENA, Rodolfo F. Alves. "Diferença entre furacão, tornado e ciclone";
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