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Como o álcool age no nosso cérebro?



Faaala meu povão lindo e maravilhoso! Mais um dia de luta e esperando sentado virem os dias de glória (Chorão mentiu pra mim). Brincadeiras a parte, nós temos nossas obrigações, sejam elas pessoais ou sociais...muito trabalho, afazeres diários, cuidar dos filhos, sobrinhos, netos, etc. No final de semana a gente quer dar uma recompensa a nós mesmos (afinal, merecemos), e quase sempre isso envolve tomar aquela geladinha num churrasco, ou então tomar todas na balada dançando muito louco. Em ambas as ocasiões temos a presença dele, tão maravilhoso álcool, e pode ter certeza que quando ele está por perto muitas histórias nascem.


Sempre tem aquele ser iluminado que passa da conta e exagera no consumo do álcool, e é extremamente fácil reconhecer quem virou o pote: desinibido, eufórico, subindo na mesa pra dançar, abraçando todo mundo, depois aparece chorando cantando músicas da Marília Mendonça, liga pro ex...e daí por diante só piora. Mas por que o álcool, nosso amigo do copo, deixa a gente assim?


Sistema Nervoso Central: nosso centro de comando

Então galera, para entender como álcool nos afeta, é bom ter noção do que ele afeta, e um dos principais alvos é o sistema nervoso central (SNC). O SNC é o centro de controle do nosso corpo, tudo que é relativo à percepção do mundo a nossa volta é interpretado por ele, assim como nossos movimentos voluntários (controlados conscientemente) e os involuntários (não controlados conscientemente, como respiração e batimentos cardíacos) são controlados por ele.


O SNC é composto por dois componentes, o encéfalo e a medula espinhal, mas vamos deixar a aula de anatomia um pouco de lado, e por enquanto focar numa estrutura específica do encéfalo: o cérebro. Se o SNC é um centro de controle, o cérebro é o grande diretor da bagaça toda, interpretando todos os sinais físicos e químicos, e respondendo a eles com mensageiros: os neurotransmissores.


Sabe aqueles teus vizinhos fofoqueiros, que levam e trazem as fofocas todas? Pois é, ele é um mediador das mensagens e os neurotransmissores agem de forma semelhante, levando informações necessárias para seu corpo e também trazendo para seu cérebro.


- Mas CiênciaPovão, tão falando muito e nada de dizer no que o álcool interfere.


Eu te digo: calma povo, sabemos que o texto está grande, mas não sai não. Vem com a gente que agora é que o bicho pega.


Álcool: o amigo da alegria

O álcool é uma substância depressora do SNC, isso significa que seu uso induz uma diminuição das atividades cerebrais, deixando o usuário mais lerdo, distraído e menos sensível a estímulos externos.


Tudo começa quando você toma alguns copinhos, e o álcool atinge a região mais periférica (a “margem”) do seu cérebro: o cortéx. Existe uma área do córtex chamada de córtex pré-frontal (situado próximo a sua testa, mas dentro do crânio, óbvio) responsável basicamente pela personalidade do indivíduo, controlando impulsos e vontades.


Lembra dos neurotransmissores? Então, existe um neurotransmissor chamado GABA, que age como um inibidor natural do SNC, incluindo o cortéx pré-frontal, mas em condições normais ele não atua de forma a interferir sua noção do que é certo, errado, loucura ou coragem e é por conta disso que você não sai correndo por aí pelado pela rua sem mais nem menos (pelo menos esperamos que não).


Acontece que ao atingir o cortéx pré-frontal, o álcool estimula ainda mais a ação do GABA, dando um ‘boom’ nele, aumentando os efeitos inibitórios, e aí amigo, até a pessoa mais tímida começa a ficar desinibida, sem medo de falar, mais sociável e eufórica. É nesse momento que essa pessoa faz mais 30 amigos e sai em todas as fotos sorridente e fazendo poses.


Amigo até certo ponto

O churrasco vai passando, na balada tutz...tutz, e a pessoa vai bebendo mais e mais. De eufórica, amiga da galera, a pessoa pula para depressiva, chorando pelos cantos e ninguém entende o porquê que isso acontece.


Uma vez que o álcool se encontra em maiores quantidades no organismo ele agora afeta a ação de um outro neurotransmissor, o Glutamato. O glutamato é um neurotransmissor excitatório, e quando ele é inibido pela ação do álcool o que resta é chorar, o indivíduo fica naturalmente triste podendo ter também dificuldades de coordenação, fala arrastada e visão prejudicada.


A interferência no glutamato pode ainda afetar sua ação numa importante área do cérebro, o hipocampo, responsável principalmente pela memória. O Consumo excessivo do álcool pode acarretar no que é chamado de “blackout” alcoólico (ou apagão alcoólico): um estado de perda temporária de memória que faz com que o indivíduo esqueça completamente o que aconteceu no momento em que ele tomava todas, isso explica o porquê que a pessoa não faz nem ideia do que fez, com quem estava ou como chegou em casa (se chegou).


Perigo iminente

O tempo passa, a bebedeira continua, e continuar a consumir álcool é no mínimo ser negligente com a vida. Ao atingir concentrações maiores, o álcool pode afetar outras estruturas importantes do SNC, por exemplo o cerebelo. O cerebelo é responsável principalmente pelo equilíbrio e também coordenação motora, e a interferência do álcool nessa estrutura faz com que a pessoa fique daquele jeito, vai ou não vai, de um jeito que em determinadas situações ela não se aguente de pé.


Por fim, o perigo máximo se encontra quando o álcool atinge outra importante estrutura do SNC, o bulbo, responsável por aquilo que não controlamos: a respiração e os batimentos cardíacos. Uma vez afetado, a pessoa apresenta prejuízos na respiração e na circulação sanguínea, podendo levar ao coma como uma resposta desesperada do seu organismo para parar de beber. Isto é considerado um quadro extremamente grave, podendo levar a morte do consumidor.


Outros efeitos

Além disso tudo que foi apontado, o álcool pode interferir também em outros neurotransmissores, por exemplo a Serotonina: responsável pela ingestão de água e alimentos, respostas sexuais e agressão.


Seu consumo crônico pode levar a condições de abstinência, crises convulsivas e doenças neurodegenerativas, trazendo sequelas graves àqueles bebem com frequência. Somado a isso, existem também outros problemas envolvidos ao consumo do álcool: como doenças hepáticas, hipertensão, infarto e outras doenças.


Vale salientar também a péssima combinação que é o uso do álcool e direção automotiva, responsável pela perda de muitas vidas, destruição de várias famílias, todos os anos, devido à falta de responsabilidade. Não faça isso sobre hipótese alguma, seja responsável, preserve também sua integridade.

Beleza minha gente??

É isso! Grande abraço, e beba com moderação. =)

Autor

Adriano de Lima

Graduado em Ciências Biológicas

Equipe CiênciaPovão


Referências

1. Dubowski, K. M. (1985). Absorption, distribution and elimination of alcohol: highway safety aspects. Journal of Studies on Alcohol, Supplement, (s10), 98–108.

2. Marlene Oscar-Berman, Barbara Shagrin, Denise L. Evert, Charles Epstein Impairments of Brain and Behavior: The Neurological Effects of Alcohol. Alcohol Health Res World. 1997; 21(1): 65–75.

3. Tissiana M. de Haes, Diego V. Clé, Tiago F. Nunes, Jarbas S. Roriz-Filho, Julio C. Moriguti. Álcool e Sistema Nervoso Central. Medicina (Ribeirão preto) 2010; 43(2): 153-163

Guyton, A.C.; Hall, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.


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