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Vamos falar sobre aleitamento materno?

Oláaa, povão! Tudo bem?


Talvez vocês não saibam, mas o mês de agosto é dourado! Durante toda a primeira semana do mês de agosto acontece a Semana Mundial de Aleitamento Materno e, nesse ano de 2020, o tema é “Apoie a amamentação para um planeta mais saudável”. Esse tema tem como objetivo informar as pessoas sobre o vínculo entre amamentação e o meio ambiente e promover e apoiar o aleitamento materno para a saúde humana e do planeta.


Mas vamos começar do começo...


Anatomia das mamas


As mamas são órgãos pares compostos por tecido mamário, tecido conjuntivo de suporte, tecido adiposo (gordura), vasos sanguíneos, vasos linfáticos (relacionados com o sistema imunológico) e fibras nervosas.


O tecido mamário é formado por:


- Alvéolos: São pequenas “bolsas” feitas de células secretoras de leite.

- Ductos: Por onde o leite passa até chegar aos mamilos.


Externamente, as mamas apresentam uma região mais escura, aréolas, e as papilas (mamilos). Cada mamilo tem de 15-20 pequenos orifícios (orifícios ductais), de onde sai o leite materno. Nas aréolas estão presentes as glândulas de Montgomery, que são responsáveis por secretar um fluido oleoso que lubrifica o mamilo e a aréola durante a lactação.


Entre os períodos que o bebê não mama, o leite fica no interior dos alvéolos e dos ductos. Os alvéolos são cercados por células capazes de se contrair (células mioepiteliais) e, durante a mamada, elas contraem fazendo com que o leite flua pelos ductos, que ficam mais largos. Que coisa mais lindaaa!


Mas atenção... Vocês já ouviram falar que a produção de leite é regulada pela demanda do bebê? Isso é verdade e está relacionado com dois hormônios: a prolactina e a ocitocina.


Como o leite materno é produzido?


Cada vez que o bebê mama, ele estimula as terminações nervosas do mamilo. Estes nervos levam o estímulo para a glândula pituitária (também chamada de hipófise) que, em resposta, secreta a prolactina e a ocitocina na corrente sanguínea.


Prolactina: É um hormônio que começa a ser produzido ainda durante a gravidez e estimula o crescimento e desenvolvimento do tecido mamário que está se preparando para produzir leite. Apesar disso, o leite não “desce” porque os hormônios progesterona e estrogênio (que estão em níveis elevados durante a gravidez) bloqueiam o início de sua secreção. Após o parto há uma queda dos níveis desses dois hormônios e a prolactina deixa de ser “bloqueada”.


Quando um bebê mama, os níveis de prolactina no sangue aumentam e estimulam a produção de leite pelas células dos alvéolos. Os níveis de prolactina na corrente sanguínea são mais altos 30 minutos após a o início da mamada e, portanto, o seu efeito mais importante é estimular a produção de leite para a próxima mamada!

Você sabia?


- A glândula pituitária produz mais prolactina durante a noite do que durante o dia. Portanto, o aleitamento materno à noite ajuda a manter uma boa produção de leite.


Ocitocina: É um hormônio que estimula a contração das células mioepiteliais, fazendo com que o leite flua pelos ductos até chegar aos orifícios dos mamilos para o bebê. É o hormônio responsável pela “descida” do leite!


Essas etapas são o ‘reflexo da ejeção do leite’ ou o ‘reflexo da ocitocina’. Somente a sucção não é suficiente para que o bebê seja capaz de obter uma quantidade suficiente de leite. É necessário esse ‘reflexo de descida’ para ajudar.

O reflexo de ocitocina é bastante complexo e envolve, além da sucção do bebê, os sentimentos e sensações da mãe, como tocar, cheirar, ver, ouvir o bebê chorar, pensar sobre ele.


Curiosidades:


- Já ouviu falar da importância do contato pele a pele da mãe e do bebê desde o parto? O toque estimula a liberação de ocitocina, que pode aumentar os sentimentos de afeto entre mãe e filho e promover vínculo! Esse contato ajuda tanto a amamentação quanto o vínculo emocional!


- Esse hormônio também provoca a contração do útero da mãe durante o parto e é importante para ajudar na eliminação da placenta e a reduzir o sangramento. Durante os primeiros dias de amamentação, as contrações podem causar cólicas intensas na mulher.


Outros hormônios...

A amamentação também afeta a liberação de outros hormônios hipofisários, incluindo o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), hormônio folículo estimulante e hormônio luteinizante, que resulta na supressão da ovulação e menstruação. Portanto, a amamentação frequente pode ajudar a atrasar uma nova gravidez.


Do que o leite materno é composto?


O leite materno é o padrão ouro para a nutrição de um recém-nascido durante os seus primeiros meses de vida.


É composto não só por macronutrientes (carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas), mas também por compostos bioativos, como fatores de crescimento, hormônios, compostos antimicrobianos e envolvidos com o sistema imune.


Acredita-se que todos esses componentes sejam essenciais para o crescimento e desenvolvimento saudável do bebê.


Já se sabe que a composição do leite pode variar dependendo:

- Do estágio de lactação;

- Do período do dia (manhã e noite);

- Do tempo entre as mamadas;

- Da idade e peso de nascimento do bebê;

- Da idade, dieta e ganho de peso durante a gravidez da mãe.


Estágios de lactação


No início da lactação materna, o primeiro leite produzido é conhecido como colostro. Ele possui considerável variação na sua aparência, volume e composição. É produzido em pequenas quantidades nos primeiros dias de pós-parto (até aproximadamente 5 dias) e é uma fonte nutricional muito valiosa, pois possui grandes quantidades de componentes imunológicos e fatores de desenvolvimento.


Entre 6-15 dias de pós-parto há a produção do leite de transição, que é produzido em maiores quantidades e é mais rico em açúcar (lactose), gordura, água, vitaminas e componentes imunológicos. A maior variabilidade na composição do leite entre mães é observada no leite de transição.


O leite materno é considerado completamente maduro 4 – 6 semanas após o parto.


ATENÇÃO, ATENÇÃO: Você, mamãe de plantão ou você, pessoa que tem uma lactante por perto: Não existe leite “fraco”.


Pode haver diferença na coloração, mas sob o ponto de vista nutricional e imunológico, o leite materno não é “fraco”.


Mães, não fiquem preocupadas. E pessoas, vamos ter sensibilidade na hora de comentar qualquer coisa para uma mulher lactante, ok?


Um bebê mamar com muita frequência nos primeiros meses de vida é normal. Isso não necessariamente significa que ele está mamando a mais por que o leite é “fraco”. Também é normal o número de mamadas variar entre duplas mulher-bebê! O mais importante é que o bebê tenha uma pega correta e, para isso, procure ajuda de um profissional que possa lhe mostrar qual a melhor maneira do seu bebê se alimentar.


Benefícios do aleitamento materno


Os componentes do leite materno contribuem para a proteção contra infecções e inflamação, para o amadurecimento do trato gastrointestinal, desenvolvimento do cérebro, redução do risco de alergias, doenças cardiovasculares e hipercolesterolemia, além do bem estar psicológico da mãe e do bebê.


Até quando amamentar?


A Organização Mundial da Saúde e a UNICEF recomendam a amamentação exclusiva até os 6 meses de idade, com a continuação da amamentação junto com alimentos complementares até os 2 anos de idade ou mais.


A amamentação exclusiva significa que o único alimento que o bebê recebe é o leite materno. Nenhum outro líquido (nem mesmo água) ou sólidos!


A introdução de alimentos antes dos 6 meses de idade pode aumentar as chances do bebê ter diarreia, infecções respiratórias (principalmente pneumonia), otite, alergias, diabetes, síndrome da morte súbita além de, com a menor frequência de sucção, pode acarretar na diminuição da produção de leite.


Em tempos de COVID-19...


“O Ministério da Saúde recomenda a manutenção da amamentação. A orientação leva em consideração os benefícios para a saúde da criança e da mulher; a ausência de constatações científicas significativas sobre a transmissão do coronavírus por meio do leite materno; e por não ter recomendação para a suspensão do aleitamento materno na transmissão de outros vírus respiratórios. Nestes casos, a amamentação deve ocorrer desde que a mãe deseja e esteja em condições clínicas adequadas para fazê-lo.”


Autora

Membro do Ciência Povão

Maria Fernanda Araújo

Biotecnóloga

Mestre e doutoranda em química biológica




REFERÊNCIAS:

  • https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/mamas/

  • https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/47311-pesquisa-inedita-revela-que-indices-de-amamentacao-cresceram-no-brasil

  • https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/amamentacao-sem-mitos/

  • http://www.redeblh.fiocruz.br/media/cd03_13.pdf

  • http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/falando_cancer_mama1.pdf

  • https://www.who.int/nutrition/publications/infantfeeding/9789241597494/en/

  • Garwolińska D, Namieśnik J, Kot-wasik A, Hewelt-belka W. Chemistry of human breast milk – a comprehensive review of the composition and role of milk metabolites in child development. 2018. doi:10.1021/acs.jafc.8b04031.

  • Vendelbo M, Anni L, Christian L, Michaelsen KF. Breastfeeding , Breast Milk Composition , and Growth Outcomes. 2018; 89: 63–77. doi:10.1159/000486493.

  • WHO. Infant and young child feeding: Model Chapter. 2009.

  • https://nutrinfantil.com.br/como-a-alimentacao-da-mae-influencia-o-bebe/


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