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Astrobiologia: estudo da vida dentro e fora da Terra


Olá povão, como estão as coisas? Hoje vim trazer para vocês um assunto um pouco diferente, que é sobre Astrobiologia. Talvez você nunca tenha escutado falar sobre, por isso vem comigo!


A possibilidade de existir vida em outros planetas passou a ser um tema muito interessante para a comunidade científica, principalmente com o desenvolvimento tecnológico, promovendo assim, uma maior compreensão sobre o sistema solar e as galáxias.


A Astrobiologia, também conhecida como Exobiologia, é uma ciência que busca compreender a origem, a evolução, o futuro e a distribuição da vida na Terra ou fora dela (Blumberg, 2003). Portanto, é uma ciência multi e interdisciplinar, ou seja, que está associada à diversas outras ciências, como: astronomia, biologia, física, química, ciências planetárias e etc. O conjunto das informações coletadas e integradas nessas áreas possibilitam compreender os fenômenos presentes no universo.

Imagem 2: Astrobiologia, uma área multi e interdisciplinar. Paulino Lima et al. (2010)


As perguntas que movem os cientistas dessa área são: O que é Vida? Como a Vida se originou? De onde viemos? Qual o futuro da Vida? A Vida pode ocorrer em outro lugar do Universo? (Staley 2003).


Você saberia responder essas questões? Acho que não. Há algumas teorias que tentam explicar, mas essas respostas ainda não são totalmente completas, ainda há uma longa jornada nesse mundo para explorar.


O termo Astrobiologia foi reconhecido em 1998 quando a NASA (Agência Espacial Norte Americana) renomeou e ampliou o seu antigo programa de vida fora da terra, Exobiologia, criando assim o Instituto de Astrobiologia da NASA (NAI). O NAI surgiu devido a uma necessidade de compreensão sobre a vida fora e dentro da Terra, tomando os organismos conhecidos como modelos para compreender uma vida extraterrestre.


Para investigar a existência de vida fora da Terra, os Astrobiólogos utilizam um método. Então, qual seria o método que os cientistas dessa área buscam para encontrar respostas para as suas questões?


Vocês já ouviram falar sobre o método científico? Sim? Não? Vamos entender melhor sobre isso. Bom, o método científico é um conjunto de passos que todos os cientistas seguem para tentar explicar um fenômeno, uma doença ou um evento que ele acredita ou observou. Assim, o objetivo desse método, por meio da uma hipótese formulada, é criar uma teoria que possa ser aceita por toda a comunidade científica.


A imagem 3 explica quais são os passos que um Astrobiólogo deve seguir para conseguir alcançar o seu objetivo.


Imagem 3. Passos do método científico. Paulino Lima et al. (2010).


Achou confuso? Então continue aqui, pois vou tentar explicar de outra forma. Há duas abordagem que os Astrobiólogos recorrem. A primeira é a abordagem dedutiva, na qual o cientista cria uma hipótese, faz coleta dos dados e ao concluir, se der tudo certo e for aceito pela comunidade científica, torna-se uma teoria científica. Outro meio é a abordagem indutiva, cujos passos são: coleta de dados, formulação de uma hipótese, que, se for aprovada pela comunidade científica, torna-se então uma teoria.


  • Aplicando o método científico no nosso cotidiano.


Joana tem 25 anos, chegou ás 15 hrs em casa, e sentou no sofá para descansar. Ao tentar ligar a TV, não funcionava. Então Joana começa a pensar: será que a TV queimou? A partir de uma observação (a tv não funciona), ela formulou a pergunta (será que a tv queimou?) e foi testar se a TV tinha queimado (hipótese).


Joana tentou ligar pelo controle e não funcionou; verificou se o fio da TV estava na tomada, tentou ligar a TV manualmente, e nada. Joana estava decidida que a TV havia queimado e não tinha mais jeito. No entanto, ela lembrou que como estava cedo, não ligou a luz, então poderia ter ocorrido uma queda de energia. Joana então, ao ligar o interruptor da sala, verificou que não havia energia. Logo, a hipótese que a TV estava queimada é incorreta.


Assim, a hipótese de Joana não foi aceita e ela teve que reformular a sua hipótese, que na verdade a TV não queimou e faltou só energia. Ela esperou a energia retornar e voilà, a TV estava funcionando perfeitamente.


Essa é uma abordagem do método científico dedutivo. Joana deduziu que a TV não funcionava porque havia queimado, criou a sua hipótese, e só depois foi coletar os dados e viu que estava errada.


Então voltando ao assunto, os(as) Astrobiólogos(as), assim como outros cientistas, buscam o método científico para responder ou provar todas as questões que surgem em torno da sua hipótese. Para saber se existe vida em MARTE, por exemplo, há um robô que coleta amostras desse planeta. Estas amostras são cuidadosamente analisadas por diversos departamentos e depois os resultados são integrados. Assim é possível identificar a composição química, por exemplo, do solo de Marte, a presença de microrganismos, ou encontrar algo inexplicável, desconhecido ou similar.


Mas afinal, existe vida em MARTE?


Cientificamente, há uma grande confusão sobre isso. Na década de 1970, especificamente em 1976, Gilbert V. Levin, ex-engenheiro e investigador da missão Viking, disse que a NASA encontrou vida extraterrestre em Marte.


Nessa missão viking da NASA, foi introduzido em Marte duas naves Viking que pousaram em lugares diferentes no planeta vermelho. Essas naves conduziram uma sequência de testes para detectar a presença de vida nele. O experimento de detecção de vida Labeled Release (LR) evidenciou positivo para vida. Gilbert V. Levin afirmou que os dados coletados pelas missões em Marte “assinalaram a detecção de respiração microbiótica”, no entanto, esses testes foram rotulados como “falsos-positivos” pela NASA. A medida que a experiência progrediu, chegou-se num total de 4 resultados positivos com 5 controles variados. Esses resultados positivos teriam sido confirmados pela outra nave da missão Viking, que replicou os resultados ao efetuar o mesmo teste em uma região (mais de 6.500 km) distante de onde a primeira nave pousou.


Levin passou muitos anos investigando esses quatro resultados positivos para a presença de vida em Marte, todos apresentavam uma curva de dados que representava a existência de respiração microbiana no solo deste planeta. Além disso, essa respiração era semelhante aos resultados encontrados as bactérias em solos terrestres.


Mas como nada são flores, o teste molecular para detectar a presença de matéria orgânica (considerado a essência da vida) falhou. Assim, a NASA concluiu que “o LR havia encontrado uma substância que imita a vida, mas não é vida”.


Mas não paramos por aí, em 2019, especificamente no dia 13 de fevereiro, o administrador da NASA, Jim Bridenstine, disse que “poderíamos encontrar vida microbiana em Marte. Nossa nação agora se comprometeu a enviar astronautas a Marte”.


Apesar de haver controvérsias sobre a existência de algum tipo de vida em Marte, parece que o cientista da NASA, Chris McKay, acredita de verdade que deve haver vida lá. Em sua fala, ele relata que “uma vez que Marte e a Terra estão “trocando saliva” por bilhões de anos, o que significa que, quando um dos planetas é atingido por cometas ou grandes meteoritos, algum material ejetado é lançado para o espaço, uma pequena fração desse material eventualmente pousa no outro planeta, talvez infectando-o com amostras microbiológicas. Algumas espécies microbianas da Terra poderiam sobreviver no ambiente marciano, pois isso já foi demonstrado em muitos laboratórios. Há até relatos de sobrevivência de microrganismos expostos ao espaço nu fora da Estação Espacial Internacional (ISS).”


Então é isto: será que a NASA encontrou realmente algo e não compartilhou com ninguém e por isso ficam usando esses argumentos? Porque até agora não há nenhuma evidência de vida em Marte, apenas algumas suposições.


Sem criar teorias da conspiração, seguimos a vida esperado as cenas dos próximos capítulos dessa jornada de colonização em Marte que está longe de acabar. Esperemos que o nosso planeta Terra não seja descartado que nem lixo no futuro.


A ciência é incrível, mas o PODER e a GANÂNCIA podem acabar com a humanidade!


Quais são os achados sobre Marte que levam a muitos cientistas pensarem em haver vida nesse planeta e que o mesmo seja habitável?


As evidências obtidas pelo programa Viking em Marte:


  • Água de superfície suficiente para sustentar microrganismos foi encontrada em Marte pelos programas da NASA: Viking, Pathfinder, Phoenix e Curiosity;

  • Ativação ultravioleta (UV) do material da superfície marciana não causou, como inicialmente proposto, a reação LR: uma amostra retirada de uma rocha com proteção UV foi tão LR ativa quanto às amostras da superfície;

  • Orgânicos complexos foram relatados em Marte pelos cientistas do Curiosity, possivelmente incluindo querogênio, que poderia ser de origem biológica;

  • Phoenix e Curiosity encontraram evidências de que o antigo ambiente marciano pode ter sido habitável.

  • O excesso de carbono-13 sobre o carbono-12 na atmosfera marciana é indicativo de atividade biológica.

  • A atmosfera marciana está em desequilíbrio: seu CO2 deveria há muito ter sido convertido em CO pela luz ultravioleta do sol; assim, o CO2 está sendo regenerado, possivelmente por microorganismos, como na Terra;

  • Microrganismos terrestres sobreviveram no espaço exterior fora da ISS;

  • O material ejetado contendo micróbios viáveis ​​provavelmente chegou a Marte vindo da Terra;

  • O metano foi medido na atmosfera marciana; metanógenos microbianos podem ser a fonte;

  • O rápido desaparecimento do metano da atmosfera marciana requer um sumidouro, possivelmente fornecido por metanotróficos que poderiam coexistir com os metanógenos na superfície marciana;

  • Luzes em movimento semelhantes à fantasmas, semelhantes a fogos-fátuos na Terra, que são formados pela ignição espontânea de metano, foram gravadas em vídeo na superfície marciana;

  • O formaldeído e a amônia, cada um possivelmente indicativo de biologia, alegam estar na atmosfera marciana;

  • Uma análise de complexidade independente do sinal LR positivo identificou-o como biológico;

  • Análises espectrais de seis canais pelo sistema de imagem da Viking encontraram líquen terrestre e manchas verdes nas rochas de Marte com cor, saturação, matiz e intensidade idênticas;

  • Uma característica semelhante a um verme estava em uma imagem tirada pelo Curiosity;

  • Grandes estruturas semelhantes a estromatólitos terrestres (formados por microrganismos) foram encontradas por Curiosity; uma análise estatística de suas características complexas mostrou menos de 0,04% de probabilidade de que a similaridade fosse causada apenas pelo acaso;

  • Nenhum fator adverso à vida foi encontrado em Marte.

Você sabia?

  • Até onde se sabe o universo conhecido deve abrigar aproximadamente mais que 10 elevado a 20 sistemas planetários, nos quais podem conter uma dezena de planetas. Chupem essa manga verde.

  • O Brasil tem uma Rede Brasileira de Astrobiologia (RBA) lançada por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).

  • Há diversos cientistas brasileiros(as) envolvidos(as) nas pesquisas que buscam por vida em MARTE trabalhando na NASA.

  • O ano de 2006 foi marcado primeiro Workshop Brasileiro de Astrobiologia, ocorrido no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ no Rio de Janeiro.


Para finalizar, a área de Astrobiologia ainda está em desenvolvimento no nosso país, precisando ser mais explorada. A falta de divulgação e investimento é um dos fatores críticos e que precisam ser revistos. É de grande relevância dar valor às diversas ciências, pois elas são importantes para o avanço do nosso país.


Autora

Isabella da Rocha

Fundadora do Ciência Povão

Bióloga

Mestranda em Bioquímica Clínica



Referências


Blumberg, B. S. The Nasa astrobiology institute: early history and organization. Astrobiology, v. 3, n. 3, p. 463-470, 2003.


Paulino-Lima, I. G., & Lage, C. D. A. S. (2010). Astrobiologia: definição, aplicações, perspectivas e panorama brasileiro. Boletim da sociedade astronômica brasileira, 29(1), 14-21.


Staley, J. T. 2003, Current Opinion in Biotechnology, 14, 347


Astrobiologia no Brasil. <http://www.astrobiobrasil.org/index.php/pt_br/astrobiologia> Acessado em 20/08/2020.


Evidências de vida em Marte.


NASA - Astrobiologia. <https://astrobiology.nasa.gov/nai/index.html> Acessado em 20/08/2020.




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